Capítulo 7

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Não estava pronta para outra aula de apoio por dois motivos: hoje era Quarta-feira, o que significa que o primeiro tempo da manhã foi ocupado com Educação Física, o que significa que, depois da minha hora de almoço, que acabava às duas e meia, eu teria mais uma aula desgastante de Educação Física, com o mesmo professor, uma hora e meia... O segundo motivo era óbvio, talvez. Aquilo que ele disse ontem... fez com que eu ficasse horas e horas a pensar nesse assunto. Acho que posso dizer, sem sombra alguma de dúvida ou mentira, que olhei mais vezes ontem para o espelho do que olhei no resto do ano inteiro. Não consegui perceber se ele estava a gozar com a minha cara ou não. Apesar de ter muitos motivos que me levariam a acreditar que estava a gozar comigo, também tinha muitos motivos que me levavam a acreditar que não.

Primeiramente, ele tem apenas mais três anos do que nós, no geral. Isso quer dizer que ele continua a ser um rapaz idiota, com ideias malucas na cabeça e que, provavelmente, sente um prazer estúpido em gozar com as pessoas, como a maioria dos rapazes sente. Nada me garante que ele, ao perceber que a Victoria e o seu grupo adoravam espezinhar-me, queira fazer o mesmo, mas mais discretamente. Por outro lado... a maneira como ele me defendeu contra a Vanessa, ou como tentou animar a Katherine depois de saber aquilo que a assombrava na sua mente por causa do seu corpo... Eu não sei. Porém, já que ele é assim tão direto connosco, eu vou ser igual para ele. Sim, eu vou perguntar-lhe.

Quando acabei de me arranjar, saí do balneário a amarrar o cabelo atrás da minha cabeça, parei em frente aos lavatórios e encarei-me no espelho. Inicialmente era para ver se o cabelo estava direito antes de o prender com um elástico, contudo, congelei em frente da minha imagem refletida e fiz de novo o que passei o dia inteiro de ontem a fazer. Se ele não estava a gozar comigo, que motivos o levou a considerar-me, não só mais bonita do que a Vanessa, mas mais bonita do que qualquer uma rapariga na turma? Não é mentira nem segredo alguns de que olhos azuis e cabelo loiro e liso parecem embelezar ainda mais qualquer rapariga... terá sido isso?

Não importa. Bella, não importa se tens cabelo azul ou cor-de-rosa ou olhos castanhos ou verdes. Nunca importou, não vai começar a ganhar importância agora. Quer tenha falado a sério, quer não, isso não vai mudar nada na tua vida, não é o facto de alguém te achar bonita que te vai tornar melhor, ou pior pessoa. Isso não importa!

"Já aprendeste a servir hoje de manhã, certo?" Perguntou ele, quando entrou na sala de dança, no andar de cima.

Os horários já tinham sido estabelecidos definitivamente, o que significa que as três divisões do gimnodesportivo estavam ocupados com três turmas distintas a ter aulas. Portanto, eu e o professor Malik ocupamos o único espaço livre para uma aula de apoio: a sala de ginástica, frequentemente chamada de sala de dança. Eu estava sentada em cima de um colchão azul enorme quando ele chegou.

"Sim." Mais ou menos seria a resposta certa. Fiz parceria com a Carly, nenhuma de nós conseguiu servir em condições.

"Esse sim quer dizer que é melhor rever, certo?" Talvez. "Não temos fita nenhuma para dividir os nosso campos, nem sequer há campos, vamos ter de nos orientar pelo oxigénio. Cinco minutos a correr, vamos lá."

Revirei os olhos e levantei-me. O espaço da sala de dança era muito mais pequeno, de modo a que eu estivesse sempre a correr em círculo. Embora não o parecesse, correr em círculo, constantemente, era muito mais cansativo, e eu cansei-me duas vezes mais depressa do que quando corro num campo retangular comprido. Para piorar a minha situação, a sala de dança tinha ainda de conter um espelho, o que significou que, quando eu parei de correr durante um bocado, me pus a olhar, de novo. Isto está a fazer-me demasiado mal...

"Não disse para parares."

"Eu estou cansada!" Ripostei, cruzando os braços e feliz por ele me ter falado, pois eu tinha ignorado o espelho por completo.

Physical Education Teacher Z.M.Onde histórias criam vida. Descubra agora