Capítulo 12

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O primeiro teste era já segunda-feira. História, ainda por cima.

Normalmente teria um fim-de-semana ocupado, não só por causa do teste de História, mas também por causa do de Matemática, na Quinta. Em contrapartida, tenho de fazer uma corridinha pelo Parque de Bradford, para melhorar a minha resistência, por causa, claro, da maldita média a Educação Física. Para ser sincera, eu podia não ir, porque não havia maneira de ele saber se eu lá estava, a correr e a suar que nem um Tenista profissional. Mas eu tenho de o fazer, porque daqui a um mês e pouco estamos a dar Atletismo, quer chova, quer não, e tudo e mais alguma coisa.

Eu vou ficar doente! Eu ando a fazer demasiado desporto. O que é a mais, faz mal, sempre ouvi dizer.

O mês de outubro é muito chato. Tanto pode começar a chover, como não pode, e a histeria começa desde logo por causa do Halloween. Para ser sincera, eu acho ridículo festejarmos o Halloween em Inglaterra, porque isso é uma coisa tipicamente Americana. Mas os vencedores das listas vão ser apresentados nesta segunda feira e se a Carly ganhar vai haver uma festinha qualquer no último dia do mês, na escola. E eu, como uma das principais, terei de ir, obviamente.

Quando cheguei ao Parque de Bradford, que ficava apenas a uns cem metros de minha casa, coloquei os fones no meu telemóvel e pus um álbum qualquer da Avril Lavigne a passar, enquanto guardava o telemóvel no bolso do casaco e me preparava para correr. Eu devia conseguir correr dez minutos sem parar, segundo o Professor Malik, mas é óbvio que eu não vou conseguir. É verdade que já aguento mais tempo em corrida do que o que aguentava quando as aulas começaram, mas não aguento dez minutos. Ainda não. Porém, se quero, um dia, aguentar, terei de começar a ultrapassar os meus limites. Se eu só aguento sete minutos... vamos tentar correr oito.

Comecei a correr por volta das dez e treze minutos, o que significa que só posso parar às dez e vinte e um minutos. O Professor Malik disse-me que se eu correr a uma velocidade constante, menos me vou cansar, por isso tentei correr devagar e sempre ao mesmo ritmo, ao som da música que os fones me transmitiam, a ver as pessoas e as coisas à minha frente. Até que, ao virar à esquerda numa saída próxima para passar por uma ponte que atravessava um pequeno lago, me cruzei com alguém familiar. Só podem estar a brincar.

"Aposto que pensaste que, se não viesses, eu nunca iria saber que não tinhas vindo." Comentou ele, sorrindo de lado. Encolhi os ombros e olhei em volta.

Tinha pensado exatamente isso.

"Mas também não penses que vim aqui para ver se te encontrava. Venho cá sempre." Advertiu e cruzou os braços. "Há quanto tempo estás a correr?"

"Quatro minutos." Disse, após consultar o relógio do telemóvel.

"Quantas vezes paraste?"

"Uma. Esta." Se eu não ganhar resistência, tenho em quem pôr as culpas.

"Sabes onde fica a zona de piqueniques?" Assenti. Era do outro lado do parque. "Dou-te um avanço de trinta segundos, vamos ver quem chega primeiro."

"Se eu chegar primeiro, o que acontece?"

"Serei mais benevolente." E o meu próximo olhar fez a próxima pergunta. "Se ganhar eu vais prometer estudar menos meia hora por dia."

"Não podes saber se o faço ou não." Repliquei e ele descruzou os braços, voltando a sorrir.

"Sem eu querer, sem eu sequer pensar nisso, consegui certificar-me de que corrias aos Sábados de manhã. Eu arranjo maneira de saber quanto tempo estudas ou não." E, sem eu saber porquê, levei-o demasiado a sério.

Tão a sério que, sem lhe dizer absolutamente nada, desatei a correr na direção da zona de piqueniques, a toda a velocidade que podia, ciente de dali a trinta segundos teria alguém a fazer o mesmo percurso que eu. A zona de piqueniques ainda ficava um pouco longe e eu não sabia se iria aguentar esta velocidade durante muito tempo, sem perder o fôlego antes de lá chegar. No entanto, esqueci-me disso por completo porque o vi a passar por mim e, achando impossível, consegui correr um pouco mais rápido. Claro que a minha velocidade de caracol sem carapaça não se comprava à velocidade dele do coelhinho das pilhas duracel, mas ao menos tentei.

Physical Education Teacher Z.M.Onde histórias criam vida. Descubra agora