Capítulo 10

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"Talvez, repito, talvez, terão uma visita de Estudo, ao norte de França, a meio do Segundo Período. A viagem de finalistas é convosco, ou com quem ganhar as listas para a Associação de Estudantes." Advertiu a Professora Samantha, de Matemática e, ao mesmo tempo, a nossa diretora de turma.

Quando se falou na viagem de finalistas, todos olharam para a Carly, porque, muito provavelmente, ela seria a próxima representante, que tinha já em mente preparar uma viagem qualquer a Espanha. Mas, agora que se sabe da visita de estudo no âmbito de Inglês, todos se voltaram para o que iriam fazer a seguir às férias de Carnaval. Sei perfeitamente o que iriam fazer, porque desde que estou no nono ano, mais ou menos, as visitas de Estudo que implicam passar uma ou duas noites fora acabam sempre da mesma maneira: todos a beberem e a trocarem de quartos como quem pestaneja. E a desculpa é sempre a mesma Os teus pais nunca vão saber. Ainda me lembro de ver o Mark a esconder duas garrafas de Wisky do meu pai debaixo da roupa que ia levar para a visita de Estudo dele, no ano passado, a Londres. Não sei o ao certo o que aconteceu, porque as minhas duas fontes de informação estavam bêbadas que nem um cacho: o Mark, obviamente, e o Harry.

Quanto a mim, posso apostar todo o dinheiro que tenho na minha carteira em como eu vou ser aquela pessoa sóbria, a deambular pelo meio dos meus colegas e a descobrir tudo aquilo que lhes passa nas cabeças e que, sem álcool no sangue, nunca iriam revelar. E eis o mais divertido de tudo: eu vou-me lembrar do que disseram; eles nem sequer vão saber o que contaram. Mas uma coisa eu vou fazer igual a eles... não me parece que vá dormir.

"Mas há um problema: esta visita de Estudo já foi aprovada e organizada, mas o vosso professor de Inglês não vai poder acompanhar-vos e já que não há lá muitos professores que consigam aguentar-vos durante dois dias seguidos, tenho-vos a dizer que o vosso professor de educação física vos vai acompanhar."

E começaram os burburinhos. Já sabemos como vai correr a aula de Educação Sexual, que é já daqui a quinze minutos. Será que o professor ficará embriegado também? Seria deveras engraçado. Mas, segundo ele, esforça-se ao máximo para parecer o professor que é em frente dos seus alunos; no máximo dos máximos, ele bebe uma cerveja, e nem connosco será.

Quando tocou, todos se levantaram em simultâneo e a algazarra habitual que se instaura a cada toque começou. Como também era habitual, comecei a guardar tudo na minha mochila, mesmo que tivesse aulas na mesma sala a seguir; era apenas um vício meu, arrumar as coisas mesmo quando as vou desarrumar daí a uns minutos. Simplesmente detesto ver as coisas desarrumadas, e visto que vivo com o Mark e a Catherine, a minha mochila é a única coisa que posso ver devidamente arrumada. Ainda me lembro quando lavava a loiça e o Mark pegava num dos pratos acabadinhos de lavar para os sujar logo a seguir. Acabamos a ter uma discussão e a partir um prato. Isso foi hoje de manhã.

No intervalo, as pessoas começavam todas a fazer planos para a visita ao Norte de França. Apesar de faltarem não sei quantos meses, ainda ninguém sabe ao certo o nome da cidade, nem sequer se a visita se vai concretizar ou não. Porém, a Carly e a Miranda também faziam planos sobre o que iriam levar e, possivelmente, comprar, o que me levou a entrar na conversa também e a falar daquilo que eu achava ridículo de momento. Faltavam meses. Ainda nem chegou o dia das bruxas, a minha preocupação mais próxima do dia de hoje. Halloween.

Basicamente, se não disser à minha mãe o que pode e não pode vestir nessa noite, ela acaba vestida de freira, ou algo do género. E visto que ela tem cinco filhos, o fato de freira assenta-lhe deveras mal.

"Se tiverem de ficar quatro ou cinco num quarto, ficamos com quem?"

"Podemos falar com a Marie e a Jasmine." Replicou Carly. Bem, eu não entrei de facto na conversa, eu estava simplesmente a ouvir.

Physical Education Teacher Z.M.Onde histórias criam vida. Descubra agora