3 - Memórias

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Eu tenho uma missão: matá-los.

Mas é claro, vou me satisfazer também.

A lâmina negra em minha mão apenas amplifica ainda mais a minha sede por sangue e sofrimento. Meu corpo treme em antecipação.

Eu sou uma sombra à beira do mar, e o sol se põe nas montanhas à minha frente. Como uma sombra, eu o persigo pelas estradas, campos e colinas. Trago a noite comigo, assim como um agouro do meu objetivo: céus negros, nuvens pesadas, pulsantes e avermelhadas. Continuo em seu encalço até avistar um enorme castelo, e como uma sombra eu o engulo.

Sinto uma redoma de energia pelas muralhas externas da fortaleza assim que pulo sobre elas. Completamente previsível, mas prefiro entrar pela porta da frente. É melhor assim. Mais sangue.

– Boa noite, senhores. – Meu sonoro charme gelado os impede de agir durante alguns preciosos segundos, mas não tenho pressa. Eventualmente, eles sacam suas armas.

– Renda-se! – Respondo ao seu comando com um rápido corte na jugular. O outro encara seu colega incredulamente por uns instantes, em choque, mas não prolongo o seu sofrimento. Quebro sua lança em dois com facilidade e estoco sua barriga. Retiro minha espada brutalmente do seu corpo com um chute, e me jogo sobro ele enquanto agoniza no chão. Sugo todo o sangue, o doce sangue, tal qual ambrosia líquida, de seus corpos flácidos e moles, mas claro: ainda não era suficiente, nunca seria.

Como o alarme já foi dado, outros guardas já começam a me cercar. No entanto, eles não são sequer divertidos de matar, que dirá problemáticos. Talvez os guardiões da fortaleza interna possam me prover com um maior desafio.

Com um massacre às minhas costas, entro no bucólico e espaçoso pátio externo e sou confrontado por várias figuras encapuzadas com espadas numa mão e manas vermelhas na outra. Como sempre, ninguém nunca tem criatividade quanto se trata de magia. Os disparos de energia e fogo começam mas logo todos podemos perceber a disparidade presente, para o terror deles. Pulo, avanço, corto a cabeça de um, pulo, quico, aterrisso com uma estocada no peito de outro, pulo, corto as costas de mais um, corro, ele defende o primeiro corte mas o segundo causa um ferimento profundo na lateral da barriga.

Ah, minha lâmina brilha, vibra e regozija com cada vida retirada, cada sangue derramado, cada coração arrancado e membro decepado. Dois movimentos bastam, e às vezes nem isso. Um para quebrar a frágil defesa, e outro para matar. Cabeças rolam, gritos de agonia percorrem o castelo, e extensas poças escarlates profanam o chão. Esse processo continua por algum tempo até estarem todos mortos. Paro na frente da entrada do castelo propriamente dito, e penso que ele ou a família podem tentar fugir. Talvez devo parar de pegar leve.

Abro as enormes portas de madeira e ferro e encaro o rei e toda a sua guarda pessoal.

– Você! – Ele grita, e depois se vira para um dos magos, que começa a correr para um corredor. Pena que agora ele foi bloqueado por uma enorme parede de gelo. Todos os corredores foram, para ser mais exato.

– Você não pode fugir! – Grito de volta, enquanto trago uma tempestade à vida. Seus trovões ribombam pelo céu, e eles obedecem a mim. Puxo um deles, e o solto sobre todos que se opõem a mim. Não demora muito até o cheiro de carne queimada preencher o ar.

Os três homens trajados em extensos mantos que se prostram à minha frente, os últimos guardiões do Rei, são os únicos que sobraram pé. O seu protegido permanece atrás deles, deixando sua magnífica lâmina em posição de guarda. Ele escolheu não fugir, e portanto só poderia ser considerado um tolo. Que seja, fará o meu trabalho ficar muito mais fácil.

Canção de Ouroboros: A inocência do DescendenteOnde histórias criam vida. Descubra agora