12 - Pagar o preço

9 0 1
                                    

http://tinyurl.com/ouroboros1-12




– O que? O que... – Eu levanto da cama, apenas para cair dela e agarrar a minha cabeça. – O que, o que, o que... – Olho ao meu redor, mas tudo que eu vejo são as paredes, o chão, o teto e a cama do meu quarto. Eu olho para fora e o tempo parece ter clareado, e o sol se punha.

Outro pesadelo?

Acho que não existe coisa pior do que um pesadelo tão real assim. Ou pelo menos parecia no começo. Ainda estou tremendo, além de estar me sentindo um pouco enjoado. Consigo até sentir o gosto de bile na boca.

– Faon! Faon! – Repentinamente alguém está batendo na porta e gritando o meu nome. Tysen. Eu me arrasto lá e giro a maçaneta. Ele entra rapidamente, fecha a porta com a mesma velocidade e se ajoelha. Consigo ouvir os seus sussurros:

– Tudo bem, tudo bem, tudo bem – Parece que ele passou por uma experiência tão ruim quanto a minha, para até mesmo ele estar alterado dessa forma. Minha mente está fogosa e me sinto exausto, então eu simplesmente descanso no quarto por mais um tempo, e ele também.

~

Nós então descemos as escadas, saímos da taverna e sentamos de frente para o mar, como se isso fosse ajudar de alguma forma. Tysen está quieto, distante, isolado enquanto pensa sobre qualquer coisa enquanto fita o reflexo do sol sobre a água. Não demorará muito até a penumbra, julgo menos de uma hora; e eu estou me sentindo um pouco agitado ainda.

– Vamos sair daqui. Quero andar um pouco. – Ele para de observar o mar e se dirige a mim:

– Você já está bem? – Pergunta, receoso.

– Não. Não sei quando vou ficar bem. Eu mal me sinto seguro agora, para falar a verdade.

– Por isso você está segurando sua bainha assim? – É verdade: instintivamente a mão mais próxima da espada segura a saída da bainha firmemente, o polegar para fora, pronto para sacar a arma em caso de perigo.

Não solto.

– Tudo bem. – Ele levanta. – Vamos. – Sem fazer mais perguntas, começa a andar, e eu o sigo. Ele atravessa a cidade vagorosamente, até alcançarmos os portões da entrada leste, e vamos além. Não posso deixar de notar que esse é o mesmo caminho que eu fiz no sonho, e no entanto não sou abordado por ninguém.

Assim como a outra saída, vejo moradias mais modestas e muitas fazendas. Aquelas cenas rústicas, banhadas sob uma pequena escuridão, são algo "confortável" e relaxante de se observar. Eu sabia que só precisava pegar um ar. Era tudo o que eu precisava. Relaxar.

Só então reparo que Tysen sorri. Sorri demais, para falar a verdade. Não sorri como alguém que admirava o mundo ao seu redor, e sim como alguém prestes a contar a melhor parte de uma piada. Decido olhar um pouco ao meu redor.

Atrás de mim, longe o suficiente para serem indistinguíveis, caminham três vultos na nossa direção. Não os observo por mais que alguns segundos, e volto a fitar Tysen. Seu sorriso torna-se ainda maior.

– Você andou até aqui com o intuito de –

– Sim. – E seu sorriso vira uma gargalhada. – Agora podemos cuidar deles! Eu sei que você quer. E sei que precisa fazer isso.

– Como você está em condições de fazer isso? Você é maluco?! Eu preciso relaxar, e não... Isso!

– Bem, talvez eu devesse ter lhe perguntado antes. Mas não importa mais agora. Ou você quer fugir de novo?

Canção de Ouroboros: A inocência do DescendenteOnde histórias criam vida. Descubra agora