4 - Sono

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RB (Ou Recomenda-se Baixar, ou Recomenda-se Ainda Mais Baixar Do Que Os Outros Capítulos :P)

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– Agh! – Arfo, depois de outra joelhada na barriga. Depois alguém forçadamente segura os meus braços por trás. Não que eu tenha muita resistência a oferecer agora. Quando levanto a minha cabeça, vejo três garotos à minha frente: Richter, Trevor, e Hector. Quem deve estar me prendendo agora é o Simon. Ele é o maior dos quatro, e nada mais do que um bruto. Trevor é o moreno magrelo e Hector o quieto. Richter se aproxima de mim e me soca na barriga. Dói, mas tento resistir, e olho para o seu rosto insatisfeito. Os seus olhos falaciosos, de um azul profundo. As mechas loiras que quase os escondia. Aqueles olhos que estavam dispostos a me machucar de verdade.

Agh. Maldito. Filho da puta. Desgraçado. Bastardo! Eu daria uma cabeçada nele se pudesse, mas ele está longe demais, e na verdade sinto um pouco de medo com o que pode acontecer comigo. Estou completamente entregue em sua misericórdia.

Isto é uma total, completa e singular merda.

Richter então puxa uma adaga de seu cinto.

Por Abin, isso ficou dez vezes pior.

– O que você quer comigo Richter? – Ninguém é tão idiota para fazer algo tão drástico... Não é? Antes ele era só irritante, mas isso é demais. Eu quero tanto socar a cara dele. – Você não acha que está indo um pouco longe demais?

– Não. – A sua voz normalmente tem muito charme, com o qual conquista todos à sua volta. Agora mesmo, ele respondeu de forma agradável, ainda que esteja repleto de ódio. Como ele consegue manter tal tom com tanta injúria na voz é um mistério assustador. Meu corpo treme, começando pelo pescoço, e eu posso sentir suor frio escorrendo pele abaixo.

Quando eu o conheci, ele parecia ser um dos poucos garotos nobres de quem eu poderia ser mesmo amigo. Mas um dia ele começou a pedir que eu fizesse coisas para ele, como importunar alguém ou ir na casa dele pegar algo para ele. Recusei todos, mas ele continuou pedindo e exagerando cada vez mais nos pedidos até que eu não aguentei mais, e ele ficou bravo pela primeira vez.

– Você não passa disso, não é? Um mandão. – Provoco-o, e posso até ver Trevor se encolher um pouco. Vou socar tanto a cara desse filho da mãe.

– E quem é você para falar de mim? Você desdenha todo mundo, você acha que é melhor que todo mundo. – Ele diz, ainda no mesmo tom de voz assustador: doce, mas negro. Ele não está certo. Não pode estar certo.

– Eu não tenho culpa se eles sentem inveja! – Respondo, o que faz seus olhos se estreitarem, e piorar ainda mais sua expressão. Engulo em seco, mas exerço toda a minha força de vontade para não fraquejar agora.

– É por isso que eu não te suporto. E que você aprenda onde é o seu lugar com isso. – Ele segura a faca com propósito, e não consigo respirar direito. Ele aproxima a adaga da minha bochecha e a lambe com a ponta da lâmina. Meu coração começa a bater muito rápido, quase pulando para fora do peito. Acabo fechando os olhos, sem querer encará-lo mais. Começo a sentir um toque pontudo na minha pele conforme ele lentamente cruza a minha bochecha com a lâmina, mas nenhuma dor. Quando termina, tenta de novo. E de novo. E de novo. Até abro os olhos, e vejo sua expressão de incredulidade. Quando finalmente aceita que não consegue cortar a minha pele, silva.

– Peguei uma faca cega. Não tem graça forçar um corte. – Uma breve pausa. – Mas não importa. – Richter é então tomado lentamente por um sorriso sádico.

Canção de Ouroboros: A inocência do DescendenteOnde histórias criam vida. Descubra agora