5 - Fraqueza

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– Richter fez o que?! – Garret exclama, exaltado.

– Sim. Mas a faca estava cega. Depois ele ficou furioso e mandou Trevor me queimar com magia.

– E como você não está queimado? – Droga.

Reuni a maior parte dos meus amigos aqui. Os gêmeos por exemplo não estão aqui: eles não precisam saber disso. Kobe também não apareceu. De toda forma, nunca falei de todas as coisas que posso fazer, mas depois de algum tempo, achei que seria melhor eles não saberem. No entanto, eles não são burros. Não posso mentir para sempre, porém ainda não é a hora.

– Acho que o Simon ficou com medo e afrouxou, aí eu me soltei e fugi o mais rápido possível. – A expressão deles suaviza diante da minha resposta, então devem ter acreditado. – Depois eu... – Quando tento pensar no depois, a minha cabeça começa a doer. Muito. Por alguma razão, não me lembro de ir para casa. No entanto, depois de fugir do Richter eu acordo em casa. Mas de certa forma, tenho certeza absoluta que o que eu vivenciei não era um sonho. Não, não estou ficando maluco. E por alguma razão, meu pai estava lá quando eu desci para almoçar, o que é completamente fora do comum, mas aconteceu. Não falei para ele o que aconteceu; apenas comi e vim para cá, dessa vez com olhos na nuca.

– Depois? – Garret me instiga. Tento afastar-me da iminente dor de cabeça e foco no presente.

Agora, só resta uma ação a ser tomada.

– Vocês vão me ajudar a me vingar dele, não é? – Quase imediatamente, tudo muda: Garret fica completamente tenso, Camélia e Hazel desviam o olhar, e Jaime parece ficar ligeiramente desolado. O silêncio nos faz de escravos, e me faz esperar inutilmente por uma resposta. O que isso significa? Eles não sentem a indignidade que eu sinto?

Garret decidiu quebrar o silêncio:

– Eu não acho que isso seja uma boa ideia. – Diz, evitando me olhar nos olhos.

– Como não?! – Eles tem que me ajudar, afinal é para isso que os amigos servem, não é? Por um instante, Jaime parece concordar comigo, mas então ele baixa os olhos e começa a encarar o chão. – A minha calma tem limite. Você sabe disso. Quantas vezes você já me viu furioso assim?

– Tentar dar o troco nunca é bom. – Garret ignora a minha pergunta, mas ainda evita me encarar. – Ele sempre vai querer fazer algo pior contra você, e você a ele, até o momento em que um irá longe demais. – Garret engole em seco.

– Mas ele já tentou me ferir! – Eu não podia acreditar. O que era isso agora, vindo dele? Essa... Traição? Minha mente começa a dar voltas.

– Você deveria interromper esse ciclo antes mesmo que comece, Faon! – Ele quase grita, e dessa vez encontro o seu olhar com força total por um segundo ou dois. Então ele se apazigua, mas seus olhos não se movem. – É o que eu acho, e eu não vou ajudar com o que quer que seja. Pense no que Kobe vai dizer quando saber disso! –

Penso. Penso nele falando que eu sou melhor que isso.

Mas ele não está aqui agora. Então só me resta olhar para Jaime, que continua no mesmo estado apático; Camélia, apreensiva e com as mãos juntas, e não tenho coragem de sequer vislumbrar Hazel.

Por que? Por que?! Por que eles não podem me ajudar?! Agh. Como eu vou fazer isso sozinho? Por que eles não podem me ajudar? Eles viraram amigos dele?! Ugh. É tudo culpa do Richter. Aquele miserável. Ele causou tudo isso. Por que ele tinha de causar tudo isso? Por que tinha de ser tão patético? Por que todos tem que ser patéticos dessa forma? Por que por que por que por que por que por que por que por que por que?!

Canção de Ouroboros: A inocência do DescendenteOnde histórias criam vida. Descubra agora