13 - Paranoico

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RB




– Espere! Isso não é o que você pensa!

– Como não? Você matou essas pessoas! – Desembainho a espada.

– Não, deixe-me explicar. – O assassino levanta as mãos, e galga com os joelhos para trás. Decido confiar nele por enquanto o suficiente para não ataca-lo. Se fosse mesmo culpado teria tentado fugir, ou me matar.

– Fale logo. – E ele fala, sem hesitação ou remorso:

– Vampiros. – Começo a rir. Ele realmente quer que eu acredite nisso?

– É, e eu sou um Descendente. – O garoto não parece muito surpreso.

– Chegue mais perto. – Eu o encaro. Ele encosta na parede, e só então me aproximo. – Ele fez um péssimo trabalho. Drenou de mal jeito e por inteiro a mulher, fazendo com que esta sofresse e gritasse, acordando o homem, tendo que matá-lo. Por isso tem sangue no peito dele e no chão ao seu redor, mas não tem nada dentro deles.

– Como você sabe disso?

– Um palpite. Corte a garganta da mulher, e você verá.

– Mas ela ainda pode estar viva!

– Não, não está. O coração dela não está batendo. Veja por você. – Cautelosamente e vigiando–o, fui apalpando o seu coração, o seu braço, o seu pescoço, qualquer coisa; em busca de um sinal. Mas não sinto nada. De repente, começo a tremer e a suar frio. Também sinto vontade de vomitar. Essa é a primeira vez que eu vejo alguém morto. Olho para o garoto rapidamente, e volto a encarar o cadáver à minha frente. Tento não hesitar ao erguer minha espada sobre a mulher, mas não consigo.

Levanto a espada.

E corto.

Mas não sai nada. Nem uma gota.

Fico tentado a cortar outros lugares, pois é inacreditável; mas eu não quero dilacerar o corpo da mulher.

– Mas... – Tento raciocinar, achar alguma desculpa viável, algo que não confirmasse a existência de um conto de fadas. Um terror súbito toma conta de mim. Conto de fadas. – Pode ser um nobre psicótico que tenha fetiche por sangue. –

Ele riu. Talvez já esperasse algo assim.

– Você acha que alguém normal conseguiria drenar completamente um corpo? – Disse, com um tom divertido na voz. Penso um pouco mais.

– Magia?

– Você acha que um "nobre psicótico" seria capaz de executar magia? Ou pelo menos sem gritar, aterrorizado com o preço comprometendo a sua discrição? – Meus olhos perdem o foco por um instante, e o encaro.

– Sim? – Disse, hesitante. Ele me encara com um olhar desaprovador, como um professor dando um sermão a um aluno. Não, é claro que não. Fico mais alguns segundos encarando o cadáver à minha frente, sem saber o que pensar. Não é um conto de fadas, e o terror continua. Conforme a compreensão toma conta de mim, volto a encarar o garoto e aponto a espada para ele, mas não demoro até abaixá-la.

– Imagino que você não seja o vampiro que os matou, não é? – Surpreendentemente, ele sorri. Não um sorriso sádico, como se estivesse prestes a me matar, mas um normal.

Canção de Ouroboros: A inocência do DescendenteOnde histórias criam vida. Descubra agora