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Tristam abre seus olhos.
Ele está na sala do trono. Seu amigo está sentado neste, aparentemente dormindo. Então seus olhos também abrem.
– Faz algum tempo desde a minha última noite de vigília. Não faz parte do dever de chanceleres ficarem em vigília, sabe? – Diz ele, como se estivesse dando um sermão a uma criança. Sim, seu amigo é o chanceler. Ou o chanceler é o seu amigo. Seu amigo tornou-se um chanceler, mas especificamente o chanceler de Astranimus. Claro.
– Onde ela está? – Foi tudo que soube falar, tudo que pode falar.
– Estava me perguntando quando você perguntaria isso. – Seu amigo se levanta. – Pensei que seria a primeira coisa a me perguntar, mas eu subestimei a sua dor. Pensei que ao acordar já estaria livre do seu estupor.
– Pare de falar em rimas, homem, e fale logo! – Sua voz está decrépita, reflexa na exaustão que tomou o seu corpo, fruto da destruição que causou.
– Não foi a minha intenção. – Não ri. – Eu nunca fui uma pessoa artística, e você sabe disso. – Mas qualquer outra pessoa teria rido. Ele já está à sua frente. Então se vira, e Tristam o segue. Não deixa de notar as dezenas de guardas, a postos nas sombras, mas longe o suficiente para terem uma conversa privada. – Também estou preocupado com ela. Por mais que você a ame, ela é a minha irmã, lembra? Aliás, vocês nunca se casaram, não foi?
– Casar? O que?! Não, você sabe que... Urgh. – Ele sempre quis, mas – Onde ela –
– Ela está vindo. Eu a deixei com aquela família adorável.
Então Tristam tem uma terrível realização, ou ainda, lembra-se de uma terrível realização.
– Por Phas. Ela perdeu ambos os homens da sua vida. E –
– Pare. Agora. – Seu amigo e sua mente disseram, ao mesmo tempo. – Não faça isso consigo mesmo. Eles desejaram isso, e agora está tudo bem. Concentre-se no futuro. – Ele me parou, segurando meus ombros com as mãos. – Elas estão vindo. Estão bem, estão seguras. E você deve estar pronto para recebê-las. Completamente são, feliz e cumprindo o seu dever. – Seu amigo estava certo, claro.
Ele agora é o Descendente. E ser o líder da Comunhão, ou o que restou dela, exige responsabilidades.
– Venha. – Seu amigo o apressou. – Estamos quase lá.
Ele reconhecia para onde iam.
Não demorou até que alcançassem as suntuosas portas do seu quarto, com um guarda de cada lado. Por um momento cruzou-lhe o pensamento de que seria o mesmo par de guardas de mais cedo, quando acordou, mas era apenas um desvairo.
– Durma bem. Você precisa do sono. – Mas seu amigo não admitiu suas próprias necessidades agora, afinal ele o servia. Naquele momento ele teve uma maior compreensão acerca do pai, e a relação que tinha com certas pessoas. Por mais que externamente um fosse subordinado ao outro, eles eram na verdade cúmplices, igualmente importantes e com suas mentes focadas em um único propósito.
– Obrigado. Mas vá dormir também, nós dois precisamos do descanso.
– Ah, Tristam. – Seus ouvidos e pensamentos reclamaram. – Só porque o dever de chanceleres não inclui vigília, não significa que inclua necessariamente algo tão trivial quanto o sono. – E com isso, seu amigo fechou as portas, deixando–o sozinho no seu quarto à luz bruxuleante de uma vela.
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Canção de Ouroboros: A inocência do Descendente
FantasiaViver é doloroso, e a música não mente. Isso é verdade independente de quem você é, e ao mesmo tempo, especialmente de quem você é. Faon aprendeu muito pouco disso com treze anos, como se é de se esperar. Após algumas excruciantes guinadas na sua vi...