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Arrasto-me até a minha cama e deito nela.

~

Não sei quanto tempo se passa até ouvir alguém entrando no meu quarto. Poderia ser uma hora ou um minuto. Provavelmente um minuto, pois os meus amigos continuam aqui.

– Não... – É o meu pai. Quando me viro para ele, vejo que observa algo atentamente no meio do meu rosto. Afundo novamente a cabeça no travesseiro. – Crianças, eu terei que pedir para que voltem para as suas casas. – Ninguém questiona o seu "pedido", e logo só nós dois restamos.

Meus olhos já estão vermelhos e inchados quando eu o encaro. Quando eu abro a boca, no entanto, ele faz um sinal de silêncio com o dedo. Ele então se dirige a porta, e fala:

– Eu não pedi para que saíssem do quarto a toa, Tysen. – Ouço então um resmungo do outro lado. Depois disso, Alec vai até a janela. – Você também, Mia!

– Merda! –

– Alguém como você não deveria falar esse tipo de coisa! – Eu não sei exatamente o que pensar diante de dois dos meus amigos terem tentado ouvir o que o meu pai queria falar, mas imagino que isso seja um bom sinal. Ele então volta e se senta na cama, esperando minhas perguntas enquanto fita fixamente os meus olhos.

– Isso é de um ano atrás, não é?

– Sim. – O seu tom era firme, ao contrário do meu.

– Foi tudo real, não foi?!

– Foi. – Claro que foi. Deveria saber desde que vi aquela sombra emergir do cadáver do líder. Era óbvio, mas a minha mente rejeitou-se a dar qualquer passo naquela direção. E mesmo agora ela reclama e esperneia, fazendo o meu corpo tremer e minha cabeça arder.

– Por que? Por que esconder isso de mim?! – Já estou gritando.

– Porque aquilo era demais para uma criança de treze – Ele faz uma pausa. – quatorze anos. Eu só queria te proteger. Eventualmente eu o treinaria como estive treinando durante todo esse ano, mas diante das circunstâncias eu tive que me adaptar. E mesmo sem saber a verdade você foi aterrorizado o suficiente pelos seus próprios pesadelos. – Eu fico em completo e total silêncio. – Você teve muita sorte, na verdade. O corte que aquele espectro fez poderia ter lhe arrancado um olho. – Continuo em silêncio, sem saber o que sentir. Mas tudo que de fato sinto é o meu coração apertado de tal forma que parecia poder estourar a qualquer momento. Demoro um pouco até eu conseguir me recobrar um pouco e fazer a próxima pergunta.

– Por que eles foram atrás de mim? Por que continuam indo atrás de mim?

– Isso eu não sei de fato. Mas eu acho que tem a ver com os seus pesadelos.

– E o que eles são exatamente? – Meu pai faz novamente o sinal de silêncio, e se dirige até a porta.

– O que foi que eu disse, Tysen?

– Bosta!

– Você também não deveria estar falando isso! – Por todos os Deuses, Tysen. A insistência dele quase me fez sorrir. Meu pai volta a sentar na cama.

– Os espectros? Bem, além de servir de inspiração para vários contos de fada e lendas, eles são servos da Deusa da Sombra, Abin. – O que?!

– Tem uma Deusa me caçando?

– Não necessariamente. Como eu disse, eu não sei.

~

– Que?

Canção de Ouroboros: A inocência do DescendenteOnde histórias criam vida. Descubra agora