Capítulo 1.......... Meu Adolescente

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Scarlatti Narrando


Dizem que a pior verdade, é preferível do que a melhor mentira. Eu sempre levei isso em consideração e com muita relevância. E, sinceramente, nunca pensei que algum dia fosse vacilar quanto a isso. Quer dizer, o que está em risco é o coração do meu futuro marido - não que Dylan e eu tenhamos alguma data definida para o nosso "casamento" ou ele que ele tenha me feito algum, mas por ele viver batendo na mesma tecla.

E agora cá estou eu, dividida entre a cruz e a espada, diante de um belo prato de panquecas regada a mel e um gosto estranho na boca. Cozinhar realmente não era o forte de Dylan, mas ele não me dava ouvidos! E adivinhem quem era sua cobaia? Exatamente! Eu.

- Você quer a verdade, né? - Eu enrolo, ainda fitando sua mais nova tentativa de receitas da internet diante de mim. Dylan não se cansava.

- Sempre! Você sabe que não mentimos um para o outro - Dylan afirma do outro lado da mesa, onde está apoiado com ambas as mãos e me encarando com expectativa.

- Ah... Não sei disso não - vou contra, finalmente levantando meus olhos para ele, que percebo ter tirado o avental e estar seminu - Você mentiu a menos de 24h atrás quando disse que não teria que ir trabalhar hoje - ressalto, rolando meus olhos por seu corpo exposto da cintura pra cima enquanto a ilha entre nós me impossibilita de ver o resto.

- Eu não menti, só me equivoquei - ele corrige com seu jeitinho "inocente".

- E eu não vou mentir agora dizendo que acredito em você - rebato, olhando dentro dos teus olhos verdes-acastanhados.

- Eu não sei se entendi o que a senhorita quis dizer, mas não vem ao caso agora. Você está me enrolando - ele acusa, e com o queixo quadrado aponta para o prato de panquecas o qual eu retirei com muito custo um mínimo pedaço para degustação - Quero minha resposta.

Eu suspiro, em parte derrotada. Mas não há o que fazer, preciso ser honesta com o homem que eu amo. E, quem sabe? Talvez assim ele pare de tentar me envenenar.

- Ta bem... Você quer mesmo a verdade, não é?

- Você sabe que sim. Eu sinto que acertei dessa vez.

- Ah, você sente? - Eu tento reprimir um riso em consideração a sua auto-confiança.

- Sim. Mas agora anda! Pare de me enrolar porque já estou ficando nervoso.

Eu prendo um riso com uma mão e disfarço com um pigarro, na vã tentativa de parecer uma jurada séria.

- Bem... Você disse que fez com todo carinho...

- Sim! - Ele responde apressadamente, e o brilho de ansiedade que vejo faiscar em seus olhos quase me dando pena. Quase. - É o ingrediente principal!

- Sei. Então... Eu acho que você deveria rever a validade deste "ingrediente principal" - faço aspas - E esse mel... É possível que ele esteja azedo? - Questiono, apontando para onde o mel escorre junto a cobertura de chocolate sobre o prato.

Dylan une as sobrancelhas grossas e me lança um olhar confuso.

- Azedo? Não... Scarlatti... - ele exala em exaspero - O que isso quer dizer? - Pergunta-me por fim.

- O que isso quer dizer... Amor, não me leve a mal ta, mas isso está de longe comestível! É isso que estou querendo dizer - Eu olho para o prato de panquecas aparentemente inofensivo a minha frente e não consigo não rir - Meu Deus, Dylan! Você consegue se superar a cada tentativa, sabia!?

Os ombros de Dylan caem e ele olha para sua obra de arte falida.

- Está tão ruim assim? - A carinha cabisbaixa que Dylan faz é tanto digna de dó quanto de tesão. Obviamente, ele estar seminu e com os cabelos bagunçados após nossa maratona de sexo matinal ajuda bastante. Mas não é novidade que eu me rendo a ele sempre que o vejo com essa carinha de cachorro sem dono.

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