Capítulo 39 ........... Hormônios a Flor da Pele

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Scarlatti Narrando


O carro diante de mim parecia ser algo tirado dos filmes. Não é um modelo do qual estou acostumada a ver passeando pelas ruas da cidade. Na verdade, eu nunca o vi. Era lindo em mescla de estilo clássico e moderno, lataria reluzente em preto e sufilmes escuros de modo que não se enxerga nada do interior ao lado de fora.

- Dylan... - arfo, impressionada. Ao meu lado, ouço-o rir baixinho com minha embasbaques.

- É, bonito, né? Espera até ver por dentro - ele responde empolgado.

Eu não sei o que lhe dizer, e deixo minha mão deslizar pelo caput com verdadeira adoração. Eu amo meu Capitiva branco, amo mesmo, mas ele nem de perto era tão lindo quanto este... 

Fazendo-me franzir a testa de repente, eu vejo a porta do outro da rua, do lado do motorista, se abrir. Um homem vestido de terno com aparência juvenil contorna a fronte do veículo e vem até onde estamos. No mesmo instante a mão de Dylan encontra a minha e ele me puxa para mais perto. Eu o olho sem entender absolutamente nada, apesar de sua atitude ser normal. Ele age como se todos precisassem saber que eu tenho "dono" e que esse dono é ele.

- Scar, este é Deyvison - ele aponta para o garoto que estanca a nossa frente na calçada. Ele é alto e com o tom de pele um pouco mais escura que a de Dylan, rosto ordenado por acnes e corpo magro. Os cabelos negros tem estilo, mas não tanto quanto o do meu homem. - Ele é um recém contratado lá da agência. Tinha a função de ser meu manobrista particular, mas acho algo desnecessário! Eu sempre me esqueço de solicita-lo. Mas também, quem precisa disso? - Ele bufa, enfatizando sua opinião - Enfim! Ele tem CNH e, o melhor de tudo, técnico em enfermagem. É o cara perfeito para ser seu motorista particular daqui em diante.

- Por enquanto - ressalto, já que não almejo a vida de madame que ele está começando a empurrar para cima de mim. Gosto da minha simplicidade, dirigir meu próprio carro, cuidar da minha casa eu mesma e manter a vida assim, leve e sob o meus comandos.

- Sim, claro - Dylan assente, mas rastreio um tom de ironia em sua voz.

- Muito prazer, senhora - o menino se adianta em dizer, curvando-se a minha frente com uma elegância que ele aparentava não ter.

- Não precisa tudo isso - eu toco seu ombro e sorrio carinhosamente. Quando seu olhar sobe até Dylan, temeroso, eu sei que ele deve ter algo a haver com isso. Eu lanço um rápido olhar para meu futuro marido cabeça dura, mas ele não percebe minha repreensão, fitando minha mão ainda no ombro do tal... David? Não me lembro seu nome.

- Perfeitamente, senhora - David se curva novamente a minha frente e eu com muito esforço eu reprimo a vontade de virar os olhos. Teríamos de ter uma longa conversa.

Afastando-se, ele se encaminha até a porta trazeira e a abre para mim. É tudo muito estranho, e me faz pensar nesses executivos possessivos e estupidamente milionários dos livros e cinema. Um que eu sem duvida dispensaria. Não tenho muita paciência para esse tipo de coisa nem esse gênero de homem. Talvez um dia eu já tenha tido, quando ainda era aquela garota inocente e sonhadora. Hoje não mais.

- Pode deixar, Deyvison, eu assumo daqui - Dylan diz, entrando na frente do menino e segurando a porta para mim em seu lugar.

Não, eu não consigo não rolar os olhos dessa vez.

Por dentro o carro é ainda mais lindo. Todo revestido de couro em tom de creme, do painel aos bancos, espaçoso e muito confortável. O cheirinho de novo invade minhas narinas e purifica meus pulmões. Não demora muito e Dylan já está ao meu lado, batendo a porta com suavidade. Deyvison já se encontra em seu posto no banco do motorista, pronto para acatar qualquer ordem.

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