Capítulo 32 ........... Instinto Protetor

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Dylan Narrando

Nunca antes em todos os meus 37 anos, eu me vi tão eufórico. Quando você quer muito que uma determinada coisa aconteça, todo o seu foco se volta para isso, o que acaba fazendo com que você se esqueça de como reagir quando a essa coisa finalmente se concretiza. E foi assim que me senti ante a notícia de que Scarlatti estava grávida. Por fora, eu lhe demonstrava uma reação, mas por dentro, eu sentia como se não pudesse caber em mim. Era um sentimento indescritível, e que eu simplesmente não sabia como expressar.

Sempre fui o tipo de cara protetor. Isso meio que estava em meu instinto. Talvez fosse uma característica dos Sanchez - embora Derik e eu não sejamos de fato irmãos de sangue. Mas, assim como eu, ele era protetor ao extremo. Tanto, que por pouco não perdera a mulher por excesso do mesmo.

Quando no orfanato, ninguém ousava mexer comigo ou com os meus, e se algo acontecia a Cleo ou a Derik, eu comprava a briga sem olhar a quem. Por esse mesmo motivo, eu era respeitado por todos. Ninguém, nem mesmo os mais petulantes daquele lugar, tentavam me enfrentar. E quando o faziam, sentiam literalmente na pele a dor do arrependimento por te-lo feito. Mas, mesmo naquela época em que eu ainda era um moleque comando pelos hormônios e a revolta de ter sido abandonado pelos pais, nunca me senti tão possessivo com relação a proteção.

Saber que Scarlatti estava grávida e que muito provavelmente poderia ser uma gravidez de risco, me fez entrar em estado de alerta e protetor a nível hard. Aquela era minha chance de provar a ela que eu podia ser um bom pai, diferentemente de como agi da primeira vez. O fato de eu não ter ideia que ela estava grávida na outra ocasião não contribuiu para isso, mas também não interferiu em meu próprio julgamento devido às minhas atitudes. E, por mais que Scarlatti repetisse uma e outra vez que eu não tinha sido culpado da sua perda, eu me julgava exatamente dessa forma. Então, eis agora a minha oportunidade de fazer diferente - e eu não iria decepcionar. Fora que eu tinha uma promessa a cumprir: Fazer com que desse certo. Eu fui o responsável pela perda do nosso primeiro filho - que sequer chegou a nascer - então agora me incumbi a responsabilidade de trazer a este a vida. De um jeito, ou de outro.

Com o intuito de cumprir esse legado, dá para se ter uma ideia de como passei o restante da manhã. Certo? Em poucas palavras, só faltava eu carregar Scarlatti de um cômodo a outro no colo. A cada passo dado por ela, eu ficava nervoso, temendo que errasse, tropeçasse ou qualquer coisa do tipo, que a fizesse se estatelar no chão. Já no meu bar-boate preferido, que ela escolheu como local para a festa, depois de termos tomado o café da manhã - que eu praticamente a obriguei ingerir - eu não deixei que ela fizesse nada. Os carregamentos de bebidas foram chegando - porque não iriamos usar os do estoque do bar - bem como caixas e mais caixas de sabe-se lá o quê ela havia encomendado, e eu não permiti que ela arredasse um dedo para qualquer coisa. Portanto, seu único trabalho fora ditar ordens para mim e os restantes, que se resumia em Laura e os encarregados dos produtos que iam chegando. Era visível a frustração no rosto da minha mulher, mas uma ação necessária e exigida por mim. Era isso, ou não teria mais festa. De fato, eu não brinquei quando a disse que faria tudo a partir daquele momento.

- Aqui? - Pergunto, apontando para um canto no palco onde seria posto o karaokê que ela havia alugado para a ocasião.

- Não, do outro lado - ela dita, sentada em uma das banquetas do bar com um gigantesco copo de milk shake de chocolate pela metade a sua frente. Eu o havia comprado assim que a peguei cobiçando o de uma outra mulher gravida dentro do carro na vindo para ao bar. E isso era mais um fator que eu não permitiria: Que ela passasse vontades.

- Eu acho que seria mais legal... - eu começo a dizer, mas me detenho assim que olho para ela e me deparo com sua expressão de general. - Ei, rapazes, podem me ajudem aqui? - Peço, virando-me para onde alguns caras terminavam de colocar algumas caixas de bebidas no chão. Era melhor não discutir com as ordens de Scarlatti.

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