Capítulo 31 ........... Benção - II Parte

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Scarlatti Narrando



- E então, doutor? Eu... Eu estou mesmo... - eu não fui capaz de terminar a pergunta, e ao meu lado, segurando firmemente minha mão, Laura tomou as rédeas.

- Ela está grávida, não está?

Com um suspiro, ainda analisando o resultado do exame de sangue, o médico persiste no mistério, deixando-me prestes a ter uma síncope. Segundos mais tarde, ele finalmente resolveu abrir o bico:

- Sim. A senhora está grávida - ele confirmou, e um arfar escapou de mim enquanto eu ouvia Laura comemorar com um "eu sabia!" baixinho.

Minhas mãos foram para a minha boca, detendo um grito, provavelmente de terror e felicidade. Medo e alegria. Eu queria muito ter me sentido bem ao constatar que de fato estava grávida, mas o medo de dali há alguns dias isso não ter passado de uma ilusão, me oprimia.

Quando saí do consultório àquele dia, ainda não sabendo ao certo como me sentir, uma fagulha de esperança se ascendeu em meu peito. Por mais que os traumas do passado me assustassem, eu ainda me deixei levar pelo brilho da felicidade. E saber que eu estava grávida de Dylan, o homem que eu amava, só retificava esse sentimento. E foi principalmente por me lembrar do seu sonho de ser pai, que essa felicidade prevaleceu por àqueles breves minutos. E eu sabia que ele se sentira tão feliz quanto eu.

Mas tal foi minha surpresa ao ver Dylan se afastar de um salto, agora. Por puro reflexo, sua mão em minha barriga se desvencilhou da minha e ele saiu da cama, completamente alterado. E nu.

Ele andava de um lado a outro, os olhos esbugalhados e as mãos no quadril. Eu me virei na cama, pondo as pernas para fora enquanto o observava.

- Você... Você não vai... Não vai dizer nada? - Questiono, inquieta e... Magoada. Não tinha sido assim que imaginei sua reação. Afinal, ele queria ou não ser pai? Talvez ele soubesse tanto quanto eu que isso não daria certo?

Dylan se vira para mim, e não posso evitar olhar para o seu membro não totalmente flácido entre suas pernas. Mas ele parece não se dar conta disso.

- Você tem certeza? Quer dizer, isso... Isso não é uma piada, é? - Dispara. Meus olhos sobem até os seus, demonstrando o quanto me senti ofendida. Ele não podia estar falando sério.

- Você... Acha mesmo que eu... Que eu brincaria com isso? - Atiro, de fato, desapontada. Minha cabeça cai, e eu não sei como me sentir ao certo, se decepcionada, frustrada, ou magoada. Talvez tudo ao mesmo tempo.

Eu balanço a cabeça. Que homem era aquele? Não podia ser o meu Dylan. Não mesmo. Não o que me dava força, o que me fazia sorrir e sonhar com um futuro frutífero e melhor para ambos. Será que fui iludida por ele? Eu teria me deixado cegar tanto assim? Ou o amor que ele dizia sentir por finalmente havia se esgotado? E se...

- Ei? - Um dedo em meu queixo me obriga a erguer a cabeça. Piscando, eu encontro seu rosto a centímetros abaixo do meu. Dylan sorri fraquinho e passa os polegares debaixo dos meus olhos, e só então eu descubro que estava chorado. - Desculpe por isso - ele pede, e faz uma careta desconfortável - É que... - ele exala forte e passa uma mão sobre o cabelo - Eu não esperava por isso.

Fungando para engolir as lágrimas, eu assinto positivamente.

- Tu-Tudo bem - murmuro, afinal, eu não podia esperar que ele desse pulos de felicidade quando nem mesmo eu o havia feito assim que recebi a noticia. Assim como eu, ele precisaria de um tempo para digerir a ideia.

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