Capítulo 82 ........... Sim!

1.6K 130 22
                                    



Dylan Narrando



Sabe aqueles momentos em que você se pergunta como chegou onde está? Bem, era exatamente esta pergunta que não me saía da cabeça. Parado diante deste altar, enquanto tudo o que eu faço é simplesmente esperar a mulher da minha vida, eu me via tentando acreditar que este dia finalmente havia chegado. Em retrospecto, com toda a vida de vadiagem que eu levava, a irresponsabilidade, as mulheres sem nome com quem eu me deitava, pareciam incrivelmente distantes agora. Como se nunca antes tivessem feito parte da minha vida. Como se, o cara quem viveu isso, nunca tivesse existido. Lembranças vagas e embaçadas, nomes dos quais não me lembrava, noites que eu poderia jurar terem sido apenas tiradas de algum filme, não da minha vida. Um passado distante e turvo. O ponto exato da minha vida que eu podia olhar para atrás e enxergar com perfeita nitidez, era um cenário totalmente icônico. A lembrança vem como se tudo tivesse acontecido ontem, indubitavelmente clara. Eu estou praticamente seminu, envolto somente numa toalha, descendo as escadas da casa onde vivi boa parte da minha vida com meu irmão, quando eu me deparo com ela. Uma linda e altiva mulher, parada bem no meio da sala, trajando o que parecia ser uma roupa do Inspetor Bugiganga. Cabelos negros e longos caídos ao redor do rosto e nas costas, um olhar sério e esnobe. E foi bem ali, que me lembro da minha vida ter começado. De inicio, com turbulências e tempestades, uma perda dolorosa, e grandes aventuras, que acabaram por me trazer até este altar. Eu sei que este é exatamente o ponto onde a minha vida começou a ter algum sentido, porque foi quando eu a vi pela primeira vez.

Nervoso, eu remexo constantemente o nó da minha gravata. Como eu odeio essa coisa!

Ao meu redor e diante de mim, posso ver vários rostos conhecidos, no entanto, não o que eu mais almeja. Meus amigos parecem quase tão felizes e animados quanto eu. Minha mãe, que me trouxera até o altar, não parava de acenar para mim da fileira de bancos da frente. Ao seu lado, trajado num terno impecável, meu irmão, Jorge Lucas, parecia tão inquieto quanto eu, a espera da noiva, Bella. Ele provavelmente devia estar se perguntando se estaria tão nervoso assim no dia do seu próprio casamento. Agora, conhecendo-o bem, eu podia dizer que com toda fodida certeza!

Eu ando de um lado a outro, impaciente. Freio-me sempre que penso em passar a mão pelos cabelos, afinal, eles finalmente estavam penteados. Eu não queria estragar isso antes de Scarlatti ter a oportunidade de ver. Para passar o tempo, eu aceno para alguns convidados, faço gestos obscenos para alguns dos meus amigos e uma língua para Ana Vitória, minha sobrinha, que se encontra sentada no colo do meu irmão, Derik. Também não deixo de reparar em cada detalhe da estrutura que montaram. O píer o qual estou de pé soa rústico, combinando não apenas com o jardim e os chalés ao redor do campus, mas com a decoração da festa. Os bancos de madeira maciça onde se encontram os convidados estão igualmente decorados, adornados com flores brancas e lenços em tons de azul e rosa pastel. Acima de mim, uma enorme trave de madeira brusca se encontrava revestida de mais algumas flores brancas e lâmpadas penduradas. Uma mesa, também de madeira maciça, estava atrás de mim e diante do juíz de paz que cerimoniaria nossa união. Na entrada, diante do tapete de tábuas, um par de portas francesas fora instalada para a entrada triunfal da grande estrela da noite. Já passava quase das seis, prestes ao pôr do sol, quando a iluminação fora ligada; um teto de luzes com lâmpadas em diferentes formatos pendia sobre nossas cabeças, dando ao lugar ainda mais brilho, assim como postes de madeiras com lamparinas colocados em lugares estratégicos do jardim. Algumas mesas enfeitavam um canto não muito distante, onde também se encontrava um enorme painel de pallets com uma foto gigantesca minha, de Scarlatti e dos gêmeos, e a mesa do bolo. Tudo parecia perfeito, exceto pela ausência da pessoa mais importante.

RENDIDOSOnde histórias criam vida. Descubra agora