Bônus Laura
Eu estava me sentindo como a caixa de Pandora, só que carregando milhares de sentimentos ao invés de algum poder místico. Estava feliz por minha amiga, estritamente empolgada com minha situação com Cleo, e contente por meu chefe. Fora tantos outros sentimentos que me deixavam elétrica e aturdida. Mas, dentre todos, o que mais parecia me motivar era o de ansiedade, paixão e euforia. E todos estavam ligados a Ela.
Cleonice e eu não estávamos tendo nada, mas a bola de indiretas que jogavamos uma para a outra finalmente parecia estar virando uma avalanche, que nos levaria juntas. Para onde, eu não faço ideia! Esperava que fosse para minha cama. O negócio é que a questão com Nice era a seguinte: Ela correspondia as minhas expectativas, mas depois se fazia de boba. Não dava para saber se ela estava jogando comigo ou apenas com dúvidas a cerca da situação. Sendo uma ou outra, os riscos para o meu coração só aumentavam.
Resumidamente, após nosso primeiro encontro, não deixei que ela saísse do meu radar. Conversávamos praticamente 24h por dia por onde nos fasse mais propício e conveniente. Kamilly já estava surtando, dizendo que eu a estava traindo com alguma namorada virtual. Suas alucinações eram tão hilárias, que me fazia ou rir ou virar os olhos. Contudo, eu sabia: Se queria mesmo investir em Nice, teria que dar um jeito na minha ex em breve. Mas, não por enquanto. Não ainda quando estamos nessa gangorra de emoções.
Não nos vimos após O encontro, mas a cada mensagem trocada, fora ou não do aplicativo, eu a sentia mais perto. Era engraçado por que ela sabia exatamente o que eu queria, mas quando eu começava a ser mais explicita, sempre mudava o curso da conversa para algo totalmente banal e fora do contexto. Era frustrante! No entanto, me instigava ainda mais a prosseguir.
Quando ela me avisou que me levaria a festa de Dylan, eu meio que surtei. Não queria que, de todos, ela visse a situação precária em que eu morava. Uma súbita vergonha da qual eu nunca senti antes me abateu.
Laura: Ñ precisa meu, eu pego um táxi
Nice: E vai mesmo perder a chance de ir agarradinha em mim? Kkkkk anda Lala, eu te levo
Depois daquilo, ainda mais usando o apelido besta que havia me dado por conta de eu chama-la de Nice, como recusar!? Não fui capaz.
Laura: Tdb, só não respondo por mim e nem por minhas bobas. Elas costumam ter vida própria kkk
Nice: Já sab com q roupa vai? Eu ainda estou meio na dúvida
E lá foi ela fingir que não entendeu ou leu o que eu disse. Às vezes, nosso joguinho de chove não molha mais que me frustrava, me irritava! Era como se ela estivesse me seduzindo para sua teia aos poucos, me dando migalhas de si para que eu a seguisse até o fim do mundo atrás do restante. Como uma doce e sinistra, mas irrevogavelmente gostosa, armadilha.
Apesar dos pesares, nossas conversas sempre eram a melhor parte do meu dia. Quando no trabalho, conversavamos por email ou Facebook. Claro que, enquanto ela demorava para me responder, o que raramente ocorria, eu me distraía rolando o mouse por entre seus álbuns de fotos. Se fosse de escolher dentre uma delas para nomear a mais linda, eu estaria fodidamente ferrada e numa sinuca de bico. Não havia uma foto sequer em que ela estivesse feia, borrada, estranha ou apagada. Inclusive as mais simples, que ela batia ao acordar totalmente descabelada e com bicos que me faziam querer morde-la e beija-la, ela estava sensacional. Eu me sentia até envergonhada ante a ideia dela olhar o meu álbum de fotos. Não havia muitas, e as que tinham a maioria era com Kamilly e minha irmã, alguns colegas de balada, e só. Eu soube que ela os olhava, no entanto, quando passou a me envia-las com perguntas do tipo: Quem é essa? E essa menina aí? Por que você cortou o cabelo!? Nossa, você foi ao Rock in Rio!?
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RENDIDOS
Chick-LitEm RENDIDOS, o segundo volume de Minha Tentação, primeiro livro da série 3 Irmãos, Dylan Sanchez e Scarlatti exploram a possibilidade de um futuro novo ao irem morar juntos. Três meses se passaram desde a tragédia de terem perdido o filho, e isso ai...