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Capítulo 44 ........... Seleção de POVs

Bem, gente, como prometido... Depois dos 15 comentários de meta (embora tivesse mais de um de uma mesma pessoa rsrs) eu estou postando o último capítulo dos Pov. Espero muitos comentários viu rs

Bijundas e boa leitura 😚

Cleonice Narrando

Não tinha como, por mais que eu tentasse muito, não admirar Laura. Toda vez que ela passava por mim meus olhos a seguiam contra minha vontade, como um GPS rastreador. Eu me sentia até meio aérea nas conversas, sempre prestando mais atenção em seus movimentos, na forma como ela sorria ou girava os olhos para as piadinhas de Dylan, falava ou gesticulava, ou então fazia aquela voz de bebê para se comunicar com minha sobrinha. E, por mais estranho que seja os adultos fazerem isso, ela ficava uma graça fazendo.

Eu ainda não tinha um termo ou um nome adequado para nossa relação, e nem tinha certeza se queria uma, também - afinal acabei de sair de um relacionamento meio conturbado de anos e não quero entrar em outro. Mas, quando me lembrava dos beijos que trocamos naquele terraço... Notava que o que eu sentia era por ela algo que nunca senti com ninguém.

A coisa toda chamada Laura era uma grande e redonda incógnita. Ela tinha um mistério no olhar, um sorriso charmoso e a língua afiada. Ela era simplesmente maravilhosa no seu estilo todo rockeira alternativa, nada a ver com a secretária sexy. E, às vezes, quando conversávamos - o que significa a maior parte do dia - eu não sabia dizer se estava com a Laura secretária séria e sensual, ou a Laura rockeira descontraída e cheia das piadinhas. O fato era que eu gostava das duas, mas não me sentia segura com nenhuma delas. Pelas suas cantadas, nenhum pouco batatas, aliás, percebia-se que ela era do tipo pega mais não se apega, uma versão feminina do que um dia meu melhor amigo já foi, antes de conhecer a criatura ciumenta chamada Scarlatti.

Agora, sentada numa cadeira próxima a churrasqueira já apagada, eu observo meu melhor amigo e minha... Ér, bem, como esses jovens chamam hoje em dia?

Com certeza não é "paquera" - penso, me sentindo em parte uma velha.

O contraste entre Dylan e Laura é quase gastronômico. Em personalidade, eles até que se assimilam muito, mas com relação ao que um dia já achei sentir por meu amigo e ao que eu suspeito sentir por Laura, não tem nem parâmetro para comparação. Basta me lembrar de um dos meus beijos com Dylan, e... Meu deus! Credo. Chega a soar estranho. Quase como cometer um incesto! Nosso beijo era do tipo bom, mas não quente do tipo que te faz querer mais. Nem emoção tinha. Durante nossos poucos meses de namoro, aliás, eu posso jurar hoje, vendo por um ângulo de vista mais aguçado, que nós até evitávamos nos beijar. Acho que, mesmo antes do término, nós já sabíamos que era errado. Estranho. Mas, com Laura...

- O que ta fazendo aqui sozinha?

Eu pisco e enfoco minha visão, encontrando uma Laura de regata preta de uma banda que não faço a menor ideia de qual seja e um short jeans desfiado, o all star agora fora dos pés e o cabelo curto preso atrás das orelhas, parada a minha frente com sobrancelhas unidas em desconfiança.

- Nada, só pegando um pouquinho de sol - minto. O sol há muito já tinha andado para o canto oposto do quintal gramado, me deixando na sombra na companhia apenas da churrasqueira silenciosa.

- Sei... - puxando uma cadeira para si, ela se senta ao meu lado, bem próxima. Nós ficamos em silêncio, um confortável porque com ela as coisas eram assim: Quando calmas eram brandas, mas quando eufóricas eram realmente eufóricas.

- Por que você não quis tomar banho? - Ela pergunta por fim, e mesmo com a cabeça virada para a frente, eu posso sentir seu olhar me perfurando - Quer dizer, eu sei que você queria. Você comentou nas mensagens antes de nos encontrarmos.