Scarlatti Narrando
Dylan não queria me contar qual fora seu pesadelo. Eu bem que tentei insistir, mas ele estava irredutível. O pior era ter que ver seu tormento e não poder fazer nada. Eu sabia que o que quer que tenha sido foi o que o deixou tão aéreo e disperso durante toda a manhã. E eu não poderia me sentir menos culpada. O show emocional que me prestei ontem ainda martelava em minha cabeça, e de alguma forma acho que há convênio deste momento com seu pesadelo. Eu havia me comportado feito uma adolescente aterrorizada, com medo de que tudo desse errado após casar-se. Eu não sei o que na véspera poderia ter acarretado um sonho dos horrores a Dylan, mas não descartava tal possibilidade.
Dylan era o homem que eu amava; alias o único o qual eu verdadeiramente amei. E isso me preocupava. N medos se apossavam de mim; ele me deixar, ele se tornar o que um dia Robson ja foi, ele se enjoar de mim ou descobrir que na verdade não me ama como pensou. Estes eram apenas alguns dos meus receios, mas o que mais me apavorava, era ele me deixar porque eu não o fazia feliz. E eu tinha convicção de que não estávamos muito longe disso. Quando o vi sair de cima de mim, furioso por não ter conseguido me dobrar, todos estes medos vieram a tona. Eu soube imediatamente que ele não suportaria isso por mais muito tempo. Eu o estava perdendo.
Decidida a tentar esquecer-me destes problemas, distrair minha cabeça, e ainda recompensa-lo pelos últimos dias, eu resolvo ir ao shopping comprar-lhe alguns presentes. Eu o havia castigo pelo que houve a casa de Derik sem necessidade. Dylan não tinha culpa da sua ex ser amiga da sua amiga, todavia tinha culpa por não ter me contado que sua amiga também era uma ex. Todavia reconheço que peguei um pouco pesado em seu punimento. Eu tinha ido em seus pontos fracos e isso estava matando-o.
Compro primeiro uma nova blusa dos Simpsons. Não consigo encontrar uma idêntica a que estraguei, mas obtive uma tão linda quanto. E, como promessa de paz, levo mais duas que sei faltar em sua coleção infantil. Isso com certeza o fará feliz.
Satisfeita com as camisas, eu sigo para uma loja de cuecas. E é claro que se tratando de Dylan ele não usa nada menos que Calvin Klein. Foi como eu descobri que da próxima vez que resolver castiga-lo lhe pouparei as cuecas. Afinal cada uma custava o preço da minha alma. E ainda variava de preço dependendo da cor. Levando em conta que a cor preferida de cuecas para Dylan era vermelho, eu tinha ido praticamente a falência.
Eu estava saindo da loja quando trombo com Jorge Lucas. As sacolas em minhas mãos caem durante a colisão e ele instantaneamente se abaixa para recolhe-las.
- Cuecas? - Ele pergunta ao me passar a sacola correspondente a loja a qual estou saindo. Eu tento não corar, mas sei que falho.
- Hum... Quanto tempo - resolvo dizer, largando um sorriso apertado.
Jorge Lucas me da um dos seus melhores sorrisos de dentes brancos. Ele sempre fora lindo, com aqueles cabelos negros totalmente penteados para trás, sem nem sequer um fio para o alto, os olhos numa tonalidade absurdamente invejável de azul celeste, e o corpo atlético bronzeado. Toda vez que eu o olhava, só conseguia me perguntar porque ele não apareceu em minha vida antes. Ou como devia ficar sexy todo despenteado ao acordar pela manhã. Talvez nu enrolado num toalha branca bem felpuda e úmido do banho, expondo parte desse maravilhoso abdómen que esconde debaixo do terno. Eu sabia que era errado imagino-lo de tal forma por incontáveis razões, a primeira de todas por respeito e amor a Dylan, e por último porque eu não poderia me imaginar com nenhum outro cara além dele. Mas eu não era de ferro, muito menos cega.
Contudo, muito embora o físico e a aparência de Jorge chamasse bastante atenção, era o seu caráter que eu mais valorizava. Ele era o tipo de homem que você podia contar por toda vida e mais um pouco. Eu mesma já experimentei da sua amizade, e sei que não é algo que se deve jogar fora.
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RENDIDOS
ChickLitEm RENDIDOS, o segundo volume de Minha Tentação, primeiro livro da série 3 Irmãos, Dylan Sanchez e Scarlatti exploram a possibilidade de um futuro novo ao irem morar juntos. Três meses se passaram desde a tragédia de terem perdido o filho, e isso ai...