Capítulo 27 ........... Sonho Inesperado - I Parte

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Scarlatti Narrando


Eu estava num sono tranquilo quando sou despertada por um membro pesado batendo contra o meu rosto. Ainda sonolenta e confusa, eu pisco, nenhum pouco preparada para acordar. Um resmungar invade meus ouvidos enquanto eu tento me livrar do peso - agora em meu pescoço, que noto ser o braço de Dylan.

- O que... - e minhas iniciais palavras somem antes mesmo de serem proferidas, quando o ouço mais nitidamente.

- Não foi eu... Eu... Eu não queria... - ele diz no sonho, um desespero imprimido em cada palavra.

Aturdida, eu desperto rapidamente e acendo o abajur do meu lado. Virando-me, encontro seu corpo nu totalmente descoberto e o peito brilhando de suor na penumbra. A preocupação me faz acordar por completa, desanuviando qualquer vestígio de sono.

- Dylan? Amor, acorda - chamo-o, tentando conter meu desespero enquanto sacudo seus ombros largos. Sua cabeça vira de um lado a outro e sua boca se bate inquietamente de forma quase assustadora. Minha vontade é de chorar, mas me obrigo a manter frieza por ele.

Inconscientemente, Dylan segura minha mão e a aperta. Seus dedos estão suados e fortes.

- Scar - ele chama, e por um momento acho que já está desperto, exceto que seus olhos não se abrem para mim.

- Dylan? Estou aqui, meu amor. Acorda - suplico, aflita e hesitante.

- Eu não... Não fui eu - ele nega com a cabeça, ainda absorto no sonho.

- Eu sei, meu amor - trêmula, eu passo a livre mão pela sua testa suada, afastando os fios úmidos da sua franja dali - Agora acorda pra mim.

O peito de Dylan ainda se encontra acelerado, com ele resfolegante como se tivesse corrido uma maratona.

- Dylan? - minha voz falha com o sussurro, e eu aperto sua mão na minha, ainda acariciando sua testa suada.

Como se me ouvisse em seu sonho, seus olhos se abrem num átimo ante ao meu chamado. Seus lábios se separam enquanto ele tenta buscar fôlego. Eu relaxo meus ombros e fecho os olhos, deixando minha cabeça cair num alívio. A intensidade que se encontra no seu olhar verde-acastanhados é quase aterrorizante.

- Graças a Deus - murmuro.

- O que... - ele ainda não parece recuperado da falta de ar, por isso não completa a frase.

- Outro pesadelo - comunico, Dylan vinha tendo muitos deles ultimamente, o que me assustava bastante. Com certo temor de deixa-lo sozinho na cama, eu corro até o interruptor ao lado da porta e acendo a luz. O corpo grande de Dylan se torna mais visível, tomando mais da metade da cama de casal, completamente exposto, já que ele insiste em dormi nu.

Sentando-me ao seu lado, eu lhe cubro até a cintura com os lençóis. Sua nudez tem o dom de me distrair quando distrações daquele tipo é a última coisa que tenho em mente.

- Desculpa ter te acordado - ele pede, a testa fincada como se sentisse envergonhado e sem jeito.
 
Eu seguro sua mão e passo meu dedão nas costas dela num carinho lento.

- Não tem problema - murmuro. Dylan assente, ainda não me olhando nos olhos. - Quer me contar o que sonhou?

Ele pisca, e aquela expressão de quem se sente enjoado toma sua face. A carinha amarrotada dos travesseiros o deixa muito mais lindo do que as pessoas geralmente ficam naquele estado, e o fato do seu cabelo estar amassado além de em desordem, só o deixa mais sexy que de costume.

- Não - sua voz é rouca e profunda.

Eu tento não me sentir magoada com sua resposta.

- Certeza? - Insisto, querendo poder ajudar de algum jeito. Muitos dizem que conversar ajuda, como se você contado seu pesadelo para outro estivesse na verdade transferindo seus sonhos para ela, fazendo assim com que eles a atormentem ao invés de você. Mas, obviamente, Dylan não deve crer nessa superstição. Ou crê e não a quer para mim.

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