Capítulo 2 - A Desordem Mundial Da Coisa Toda

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  Cause I knew you were trouble when you walked in
So shame on me now
Flew me to places I'd never been
'Til you put me down  (
Taylor Swift)

Pietro morava há quatro músicas da casa de Jéssica, se ela fosse pedalando. O que significava, para o resto das pessoas, três quadras. A garota pedalou com força sentindo o vento tocar seu rosto enquanto ela quebrava a resistência do ar. A velocidade, o vento típico de sua cidade, os cabelos balançando por sobre seu ombro e dançando, vez ou outra, pelo seu próprio rosto, faziam com que Jéssica quase acreditasse que estava voando.

Era maravilhoso. Andar de bicicleta era a segunda melhor coisa do mundo.

A primeira era, claro, música.

Ela deu um sorriso quando chegou em frente à casa do namorado e pulou da bicicleta. Dava para ouvir o barulho da música mesmo do lado de fora, mesmo com seu fone de ouvido no máximo, e, nem mesmo o funk, fez a garota parar de sorrir. Ela prendeu a bicicleta no portão da casa do namorado e, depois, empurrou a porta aberta da sala.

A casa de Pietro estava lotada e, por alguns segundos, a garota quase saiu correndo porta afora, sentindo-se sufocada com tantas pessoas em um espaço tão pequeno. Era um evento muito especial para o garoto, ele passara o mês inteiro só falando sobre sua grande festa de dezoito anos, e havia convidado a cidade toda, pelo jeito.

Pietro era muito diferente de Jéssica, em quase todos os sentidos – ele era extrovertido, popular, bom atleta e tinha um péssimo gosto musical. E eles viviam o relacionamento perfeito para as telas do cinema e da cultura pop.

Embora o número de pessoas assustasse Jess, ela estava contente que o dia chegara, porque então não ouviria mais o namorado falar só disso, a ponto de quase fazê-la deixar as provas da escola de lado para ajudá-lo na organização..

Pietro sabia ser irritante quando queria.

Mas, assim que pensou aquilo, ela mordeu o lábio inferior, a culpa fincando morada em seu peito.

— Finalmente a noiva apareceu! – Camila apareceu na frente de Jéssica, como se estivesse à espreita para ver que horas a amiga chegaria.

— Penteado bonito – Jess falou, inclinando a cabeça levemente para a esquerda.

Camila tinha prendido o cabelo castanho avermelhado num coque, com uma trança transversal na frente. Estava maravilhosa num vestido vermelho solto, na altura da sua coxa bronzeada. E super maquiada.

Jess piscou várias vezes os olhos, encarando as pessoas a sua volta. Todos estavam muito arrumados. Ela se sentiu um pouco deslocada com sua sapatilha azul, o short jeans rasgado, uma tomara-que-caia branca, e um pouco de maquiagem.

Pelo jeito, dezoito anos realmente era uma data especial.

— Irado, né? Nada que um tutorial da internet não possa ensinar – Cami passou um tempo encarando a amiga, seus olhos grandes e castanhos sempre avaliando os outros – Esse seu batom tá meio destoante da maquiagem, mas é bem legal.

Legal, Jess entortou a boca. Tudo o que ela queria era chegar na festa do seu namorado, a festa que todo mundo havia se produzido muito, e ser criticada logo na entrada pela melhor amiga. Ela odiava lidar com a opinião das pessoas, o quanto elas podiam ser cruéis, o quanto ela se odiava depois de uma crítica. Mas nada era pior do que as críticas de Camila. Porque Camila era sua melhor amiga da vida toda. Sua única amiga. E a garota sabia ser muito cruel quando queria.

Cores De Um RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora