Capítulo 30 - Do Céu Ao Inferno

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I wanna take you, wanna shake you

Wanna make you feel like I do

I wanna take you, wanna break you

Wanna make you know what it's like

Learn To Breathe - Thousand Food Krutch


Tinha gosto de café.

Não fazia muito tempo que Colin havia visto um filme junto de Emily, o qual não sabia o nome, que o narrador falava exatamente isso: o amor tinha gosto de café. Colin não achava que amava Jéssica, mas se lembrou disso no mesmo instante que a beijou e sentiu aquele gosto amargo e forte de café na boca.

Ele nunca havia sentido isso na boca de ninguém. E não imaginava que seria tão bom.

Colin segurou a nuca da garota e a trouxe para mais perto de si, querendo mesmo era derrubar a ideia idiota da física de que dois corpos não podiam ocupar o mesmo espaço. Colin queria entrar dentro de Jéssica. Queria ficar tão colado nela que nada nem ninguém poderia atingi-los e separa-los.

Era uma sensação estranha, ele tinha de admitir. Não só o fato de que parecia que seu estômago iria sair pela boca, tamanho o número de voltas que dava dentro dele, ou o fato de que naquele momento ele não se lembrava de nada que estivesse ao seu redor, ou que seu coração estava acelerado do mesmo jeito que ficava quando ele pedalava numa alta velocidade sua bicicleta. Mas era tudo isso. Jéssica era tudo isso junto: a sensação livre de andar de bicicleta em alta velocidade, a adrenalina que isso causava no seu estômago a ponto dele dar voltas, o coração acelerado. E aquele algo mais. Aquele algo mais que o garoto não fazia ideia do que era e mesmo assim queria devorar.

Era o café.

Tinha que ser o café.

Parecia ser uma bebida maravilhosa toda vez que ele beijava Jéssica.

A mão que não segurava o pescoço da garota deu a volta na cintura fina dela e ele a trouxe ainda mais para perto. Mais um pouco, ele pensou, mais um pouco ele poderia jurar que conseguiria. Os lábios dos dois se distanciaram por milímetros, só para pegar o ar, mas Colin voltou a beija-la antes que ela tivesse tempo de se afastar.

— Colin... – ela conseguiu murmurar.

A voz dela tinha som de música.

Daquelas boas, daquelas cantadas ao pé do ouvido, debaixo de um luar de uma noite de verão. Daquelas que a gente nem consegue expressar ou falar com ninguém, nem dividir, nem indicar, nem sequer tocar. Não importa quanto se treine ou seja bom em covers: Jéssica seria aquela música que não aceitava imitações ou novas versões.

E foi aí, exatamente aí, quando Colin associou a garota que beijava com a coisa que mais amava na vida – a música – que ele percebeu, em meio ao beijo, o quanto estava ferrado.

Ele cambaleou para trás, a informação atravessando seu peito. Jéssica cambaleou também, para frente, chocando seu corpo no corpo dele, os olhos piscando um pouco assustada com a mudança de atitude e a interrupção de um beijo que parecia que nunca teria fim.

Os dois se olharam.

Os olhos de Colin varreram o rosto da menina, começando primeiro por aquela pele morena que ele nunca vira em nenhuma outra garota. Depois os olhos grandes amendoados com o leve brilho no olhar de quem acabara de ser pega de surpresa; o nariz fino e então a boca... Aquela boca. Colin poderia muito bem se afogar naquela boca.

Cores De Um RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora