Capítulo 29 - Paris É Uma Festa

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Jéssica olhou pra todos os lado a sua volta, girando em seus calcanhares. Ela estava perdida.

Não era só uma força de expressão que caberia muito bem pro momento, é claro. A garota só sabia que estava em um ponto do circuito principal dos turistas em Paris, entre Eifel – Arco do Triunfo – Champs Elysées. Enquanto ela tentava se localizar, seja pelo GPS do celular, seja pelo próprio olhar, dezenas de turistas passavam por ela, repetindo o clichê parisiense de como a cidade era bonita. E era mesmo. Mesmo numa manhã bem nublada de fevereiro, um pouco fria, Paris era maravilhosa. Jéssica tinha a impressão de que nem o bombardeio da segunda guerra mundial havia tirado a beleza da cidade.

Não entre em pânico, ela murmurou para si mesma, em português, enquanto girava em seus próprios calcanhares pela décima vez, parada no mesmo lugar.

Champs Elysées era uma avenida maravilhosa. Jéssica não sabia que seria possível achar que uma avenida podia ser tão bonita, afinal de contas, era só uma avenida, mas parecia bastante possível em Paris.

Tudo parecia possível em Paris.

Inclusive se perder.

Jéssica coçou seu cabelo, bem perto da nuca, e soltou um suspiro. A sua volta havia muitas árvores enormes e lindas, joalherias caras e muitas lojas de grife. Se andasse mais um pouco chegaria à casa do presidente. Mas a menina tinha acabado de voltar de lá e não queria ir de novo.

Damm it, Jess! – a voz soou atrás dela, a fazendo dar um pulo – Onde você se meteu?

O coração de Jéssica foi à boca com o susto, batendo descompensado dentro de seu peito.

— Só tinha ido ao banheiro – ela se explicou, olhando pro próprio tênis sem querer encarar aqueles olhos.

— Você tá parecendo a Chloe – Colin revirou os olhos, mexendo a mão.

Não fosse o sorriso de canto, a garota teria pensado que ele estava muito irritado com ela.

— Não é culpa minha que vocês sumiram.

Tudo bem que ela havia ficado meia hora presa no banheiro, tentando controlar a crise de ansiedade que havia lhe dado bem embaixo do Arco do Triunfo. Tudo bem que ela correu pra lá justamente quando ninguém estava prestando atenção nela, que era para ninguém vê-la fugindo. Tudo bem que ela também não respondeu às mensagens que Chloe e Colin mandaram para ela, durante toda essa meia hora no banheiro, perguntando onde é que ela havia se metido.

Ainda assim, não era culpa dela.

Mas, quando ela levantou os olhos e encarou Colin e sua cabelereira laranja emoldurada pelo Arco do Triunfo atrás, ela se sentiu muito culpada.

Seu estômago afundou dentro dela e, pela segunda vez no dia, ela quis correr.

— Foi outra crise de ansiedade?

— Acho que... não tô sabendo lidar.

— Comigo? – ele arqueou a sobrancelha

A garota piscou os olhos várias vezes, confusa com a entonação que ele estava usando. Seria aquilo uma nota de pena? De culpa? De medo? De rejeição?

Era incrível como ela conseguia conhecer os nuances de Colin sem conhece-lo tão bem e ainda assim ficar perdida em meio a tanta coisa que o garoto parecia sentir ao mesmo tempo.

— Com tudo, eu acho – ela falou, mexendo na alça da sua mochila.

— Tudo o quê? – Colin cerrou ainda mais os olhos para encará-la.

Cores De Um RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora