Colin sentia todas as sensações de uma vez dentro do seu corpo: o coração acelerado, a mão transpirando, a necessidade de aumentar o ritmo do beijo cada vez mais, aquele estranho peso e embrulho no estômago. Ele podia sentir o calor do corpo de Jéssica passando para suas mãos geladas de nervoso enquanto ela retribuía o beijo, sem saber exatamente onde colocar suas mãos.
Ele queria ajudar.
Mas ele mesmo estava apavorado com tudo aquilo.
Não que Colin fosse um garoto ingênuo. Na verdade, já fazia muito tempo que ele não diria aquilo sobre si. Mas, desde que enveredara pelos caminhos dos prazeres, ele nunca havia sentido tudo de forma tão intensa.
Era assustador.
Ele desceu a mão pelas costas dela, tentando ser cuidadoso, tentando não atropelar as coisas, tentando se controlar. Talvez a coisa mais difícil para o garoto que, por natureza, sempre foi hiperativo e sempre se atropelou em qualquer coisa que fazia.
Mas não era sobre ele, aquela cena.
Nem sobre Jéssica, de um modo geral.
Era sobre os dois.
E quando se tratava dos dois, ele sabia que precisava ir com o maior carinho e cuidado que pudesse, para não perder nenhuma coisa bonita que aquela relação estava lhe dando.
Colin deitou Jéssica com cuidado na cama, seus dedos se aventurando por debaixo das blusas da garota, sentindo o calor da pele dela em lugares que, até então, ele nunca nem sequer havia colocado os olhos.
Jéssica, no entanto, parecia continuar não sabendo o que fazer.
Ele se afastou um pouco, ainda sobre ela, e a encarou nos olhos.
— Jess?
Se Colin achava que as sensações intensas poderiam ser apavorantes, era porque ele ainda não tinha olhado para a expressão da garota. Jéssica parecia que havia visto o pior fantasma de sua vida, tamanho medo estampado em seu rosto.
O que o garoto sentiu, dentro de si, estava muito próximo de um coração sendo partido.
— Jess – ele disse, de novo, num sussurro – Olhe para mim.
A garota balançou a cabeça, de um lado para o outro, apertando os olhos com ainda mais força.
Colin retirou a mão debaixo da blusa dela e tocou seu rosto, com cuidado. Por instinto, ou pelo menos era nisso que ele queria acreditar, Jéssica se encolheu com seu toque. O garoto puxou o ar, tentando acalmar, tanto as reações do seu corpo quanto do seu coração, e tocou com carinho o cabelo dela, sem pressa.
Ele não sabia o que fazer, de modo que apenas ficou ali, encarando a menina, que, por sua vez, parecia querer morrer a abrir os olhos outra vez.
Mas O-Garoto-Que-Nunca-Esperava, esperou.
Em silêncio, sem se mexer, por mais tempo do que ele achou que um dia suportaria na vida, ele esperou que Jéssica estivesse pronta para abrir os olhos e encará-lo. Colin nunca saberia dizer quantos minutos se passaram, mas quando ele finalmente voltou a ver os olhos de avelã de Jéssica parecia que foi uma eternidade.
— Você... – ela arfou, os olhos um pouco arregalados – Não continuou.
Colin franziu a sobrancelha, confuso que era justamente aquela frase que ouviria da boca dela, depois de todos aqueles minutos em silêncio.
— Não sou tão babaca quanto pareço ser, na maioria das vezes – ele respondeu.
Jéssica segurou no ombro dele, o afastando. Então sentou. Ela ainda parecia longe de si mesma, os braços largados sobre suas próprias coxas, enquanto olhava para um ponto fixo da parede a sua frente.
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Cores De Um Recomeço
Teen FictionA vida de Jéssica poderia ser resumida assim: duas músicas para acordar, cinco para tomar café, três para chegar a sua escola, montada em sua bicicleta laranja, quatro para ir para a casa da sua única melhor amiga. E ela estava muito bem assim, obri...