Cores De Um Recomeço

Capítulo 32 - Sem chão

  And I'm feeling the pull
Dragging me on again
And I'm feeling so small
Against that big moon sky tonight

Feeling The Pull - The Swell Season

— Você precisa ver isso.

Colin levou um sobressalto, primeiro com o tapa em seu peito que o acordara de um sono que estava bom; segundo com a voz imperativa de sua melhor amiga. Ele piscou os olhos verdes confuso com toda aquela energia logo pela manhã. Emily não era a pessoa mais enérgica quando cedo e ele gostava disso.

Fazia alguns dias desde que a confusão de Paris acontecera. Colin não gostava de pensar naquilo, não gostava de ter visto Jéssica daquele jeito, do fato de Chloe nem estar olhando em sua cara e, muito menos, de tudo o que estava enfrentando desde que pisara em Dublin de novo.

Porque não bastasse só Chloe estar ignorando-o. Jéssica também não estava muito melhor.

Mulheres, foi apenas o que Emily havia lhe dito quando ele desabafou no dia anterior. Depois os dois ficaram bêbados demais para conversar sobre qualquer coisa e apenas se abraçaram, balançando ao som de um blues muito ruim no meio da sala.

Pelo menos, Colin ainda tinha Emily.

Colin sempre podia contar com Emily.

— Ai, minha cabeça – ele gemeu, tentando se ajeitar de novo no sofá azul.

— Não! – Emily disse mais alto e o garoto se encolheu de dor – Você realmente precisa ver isso, Colin.

— A não ser que seja um meteoro que vai acertar a terra em poucos minutos, Emy, eu acho que qualquer coisa pode esperar. – ele resmungou, fechando os olhos novamente.

— Beleza então, laranja-mecânica. Vou ligar pro Glen e dizer que você está indisposto para encontra-lo. – ela lhe deu as costas.

— QUE? – ele soltou um grito.

E no segundo seguinte se arrependeu porque é claro que ele é quem sofreu com a dor de cabeça.

— Pois é. Ao que parece, ele gostou da sua música e quer te encontrar amanhã, sabe, para conversar. Mas eu digo pra ele que você já virou estrelinha demais para...

Colin deu um pulo do sofá e arrancou o celular da mão da amiga. Aquilo não podia ser verdade. Com certeza não. Ele precisaria ter caído num mundo paralelo para que seu cantor preferido, fundador da sua banda preferida, ter o procurado ou o elogiado...

Não.

Aquilo era surreal até numa realidade paralela.

Ele sentia que estava perdendo seu chão.

Os olhos dele se arregalaram ao ler a mensagem.

— É um trote – ele declarou, convicto.

— Não é não. Já verifiquei enquanto você roncava e murmurava o nome de Jéssica. Você tá mesmo apaixonado, não é?

Só de ouvir o nome de Jéssica seu estômago já dava uma volta e o garoto queria correr. Não, ligar pra ela. Céus, ele precisava ligar para ela e contar o que estava acontecendo. A garota iria surtar. Mais do que já estava. Certo. Talvez não fosse assim uma boa ideia fazer a garota surtar... O último pequeno surto dela rendeu umas horas num hospital francês e muito desespero para cima dele.

Colin esperava não passar por isso nunca mais na sua vida.

Seu estômago embrulhou mais uma vez.