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Fumou umas duas tragadas de seu charuto, inclinou-se para trás e continuou:
– Já conhecedor de suas realizações, senti que poderia ter o mesmo privilégio para
exercer e usufruir. Por isso, notifiquei minha gente com respeito às minhas intenções de
dar ao mestre um sinal de nossa afeição na forma de um lindo altar. Eles acharam que, se
eu tinha fé para crer que os espíritos o colocariam no seu lugar designado, eles se
responsabilizariam pelo custo e pelo transporte até a entrada dos fundos do nosso lugar
de culto. Sem hesitação, mandei encomendar um altar feito de mármore branco de
'Carrara'. Nada é demais quando é para o mestre.
[Sacerdote]. Sei por experiência que o poder dos espíritos não tem limite, quando
se trata de trabalhar em favor daqueles que creem na palavra do mestre. Minha fé foi
grandemente recompensada quando, durante o nosso serviço devocional da meia-noite,
eles levitaram o altar de mármore até o seu presente lugar.
[Sacerdote]. Casualmente, cavalheiros, os senhores foram grandemente honrados
nesta noite, embora não tenham percebido. Enquanto estávamos perto do altar do
mestre, contemplando aquela linda pintura que é, na realidade, apenas uma sombra de
sua beleza e glória, o mestre apareceu e permaneceu de pé, junto ao extremo do altar,
durante uns três minutos, e prestou atenção à nossa conversa. Foi por isso que sugeri que
nos ajoelhássemos daquela forma. Como pude perceber, o consentimento de vocês ao
meu pedido trouxe grande alegria ao coração do mestre.
[Sacerdote]. Talvez seja do interesse de vocês saberem que não temos sentido a
presença do mestre em nosso meio já por quase três meses, como resultado do fato de
que a Organização das Nações Unidas tem estado a elaborar planos de paz. Isto tem
requerido a total atenção do mestre, pois é um trabalho que ele não ousa delegar a
ninguém mais. Paz na Terra não está nos melhores interesses de seu reino. Por isso, ele
tem a gigantesca tarefa de delegar às legiões de agentes espirituais aquilo que eles
necessitam fazer para confundir e manter os sentimentos pessoais agitados entre os
líderes da humanidade. Os problemas que esses espíritos causarem manterão esses
líderes sempre ocupados com a busca de soluções, de tal forma que nunca encontrem
tempo de se reunirem.
De tudo que eu havia ouvido, um ponto se destacava: a afirmação de que o quadro
da pintura de Satanás era uma vaga expressão de sua beleza e glória. Decidi trazer o
assunto à tona mais uma vez. Usando a terminologia que julguei apropriada para a
ocasião, perguntei:
– Reverendo, poderia esclarecer, por favor, alguma coisa que o senhor disse há
pouco? Não estou seguro de haver captado muito bem.
Reiterei o que era e aguardei a resposta. Disse ele:
– Sim, amigos, a pintura do mestre não passa de uma pálida revelação dele.
Quando um espírito se materializa, geralmente esconde a beleza e glória de seu estado
natural de existência. Se um espírito se fizesse visível a nós aqui, agora, sem nos proteger
de seu brilho, nós não poderíamos olhar para ele sem lesar os nossos olhos. Por exemplo,
durante minha última viagem aos EUA, um conselheiro-chefe me apareceu no quarto do
hotel, em Chicago. Ele veio com a mensagem urgente de que a pessoa que eu havia
deixado encarregada aqui, estava para estragar todo o trabalho que os espíritos haviam
feito para que vocês entrassem em contato com a nossa sociedade. Eu lhes falo mais
sobre isso num futuro próximo. De qualquer forma, o brilho dele ofuscava tanto que eu
não podia olhar para ele. Depois de dar-me alguns conselhos, ele saiu. Mas o impacto
daquela luz foi tão grande que eu fiquei parcialmente cego por cerca de trinta minutos.

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