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Certa noite, aconteceu algo que, realmente, me perturbou. Após várias pessoas


terem dado seu testemunho sobre o que os espíritos haviam feito por elas, o sacerdote


satanista sugeriu que descêssemos à sala de culto para uma sessão de louvor aos deuses.


- Nós falaremos a língua do Céu - disse ele. - Isto traz muita felicidade ao nosso


mestre e aos conselheiros-chefes.


Sua afirmativa me intrigou, mas senti que, talvez, aquele não era o melhor


momento para perguntar como os adoradores de demônios podiam falar a língua do Céu.


Já assentados na sala de culto, cada um recebeu um hinário (refiro-me a um


hinário cristão). Na verdade, o sacerdote mencionou três denominações cristãs que


usavam aquele hinário. Após executar um breve ritual diante do altar, ele pediu à


assembleia que abrissem os hinários em certo hino e que cantasse juntamente com ele.


Os cânticos continuaram durante uns vinte minutos. Sem pronunciar uma única palavra,


permaneci sentado, quase em estado de choque.


Mais tarde, ao voltarmos para cima, o sacerdote dirigiu-se a mim e, sorrindo,


comentou:


- Notei que você não tomou parte em nossa sessão de louvor aos deuses. Importa-


se em dizer-me por quê?


- Eu simplesmente não poderia profanar aqueles hinos cristãos da forma como


vocês fizeram. O fato de eu não gostar de Alguém não é razão para se cantar


profanidades contra Seu nome.


- Entendo como se sente, mas após algum tempo você se ajustará. É como uma


pessoa que, pela primeira vez, testemunha o sacrifício de um animal vivo. No princípio, é


chocante, mas depois de testemunhar algumas vezes, a pessoa se acostuma. A propósito,


estamos contando com você e Roland para juntos celebrarmos nossa grande festa aos


deuses, num retiro que temos nas Montanhas Laurentianas. Como você sabe, o dia


primeiro de novembro é uma data muito sagrada para o nosso povo. Falarei mais sobre


isso quando nos encontrarmos na próxima semana.


Ao voltarmos para casa naquela noite, pedi que George esclarecesse alguma coisa


que eu havia observado durante a sessão de louvor. Após haverem cantado por algum


tempo, algumas pessoas começaram a usar uma outra língua diferente do francês, mas a


melodia continuava a mesma do hino cristão.


Ele explicou que os espíritos tomaram o controle da mente deles, levando-os a


louvarem a Satanás e seus conselheiros-chefes na língua dos espíritos, capacitando assim


seres humanos a lhes darem culto em uma forma mais elevada de adoração. Essa


cerimônia, ele explicou, tivera um duplo propósito. Em primeiro lugar, só o fato em si, de


adoradores de demônios cantarem hinos cristãos, já ridicularizara o nome de Cristo. Em


segundo lugar, quando os espíritos de demônios assumiram o controle da mente de alguns


que estavam cantando, levando-os a louvarem a Satanás e seus conselheiros-chefes na


língua dos espíritos com a melodia de hinos cristãos, isto se constituíra na mais alta forma


de blasfêmia contra o Deus do Céu e isto agradara a Satanás sobremaneira.


Várias referências a sacrifícios de animais vivos haviam chamado minha atenção e


pedi que George nos falasse a respeito deles. Ele explicou que esses rituais eram


oferecidos por eles no dia primeiro de novembro, em um determinado lugar nas


Montanhas Laurentianas, mas ele preferia que o sacerdote nos explicasse essas coisas. As


circunstâncias, porém, acabaram impedindo que eu obtivesse informação.


Naquela ocasião, eu desconhecia que os anjos caídos eram sabedores de que Deus


estava trabalhando para trazer-me em breve ao lugar em que eu teria a oportunidade de


ouvir a respeito do Seu grande amor para com os indignos seres humanos, de Seu plano

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