juntos nesse dia.
Admiti ao patrão que eu não tinha muita cultura em se tratando de religião,
agradeci pelo fato histórico interessante, e voltei ao meu posto de trabalho, tendo
concordado em obter a informação que ele queria acerca das crenças religiosas de Cyril.
Enquanto trabalhava, não conseguia pensar em outra coisa senão no que Harry e
eu havíamos conversado, e mal podia esperar pelo final do expediente para poder ir a
biblioteca pública para pesquisar um pouco. Então, pensei: "Por que me preocupar com
religião? Que bem me fará? É uma perda de tempo". Mas, novamente, senti um forte
desejo de investigar o assunto.
Terminado o expediente, dirigi-me à biblioteca municipal e, em poucos minutos,
tinha todos os fatos relacionados com o calendário gregoriano. Descobri que meu patrão
estava correto sobre o assunto.
O Papa Gregório XIII decretou que o dia seguinte à quinta-feira, 4 de outubro de
1582, seria a sexta-feira, 15 de outubro de 1582, com o fim de trazer a celebração da
Páscoa de volta ao tempo estabelecido pelo Concílio de Niceia. Este Concílio havia
regulamentado que a Igreja Católica deveria observar a Páscoa no primeiro domingo após
a primeira lua cheia que ocorre após o equinócio vernal [da primavera].
Na manhã da segunda-feira, Harry apresentou o novo empregado a todos nós na
fábrica. "Ele se chama Cyril Grossé, e é um exímio bordador. Cyril é bem-vindo à nossa
empresa, e sua presença aqui, com certeza, há de contribuir para o prestígio da nossa
firma".
Harry conduziu, então, Cyril à máquina próxima da minha, dizendo-lhe que deveria
ser fácil, para ele, trabalhar com a máquina nova. Então, virou-se para mim, dizendo:
- Cyril, apresento-lhe Roger. Vocês dois deverão tornar-se bons amigos, pois vão
trabalhar juntos nos mesmos projetos. Roger, procure responder qualquer pergunta que
Cyril venha ter a respeito de qualquer projeto de trabalho. E, se vocês necessitarem de
qualquer coisa, é só me chamar.
Passados uns 45 minutos, comecei a ter dificuldades com minha máquina de
bordar. Entre outras coisas, ela saltava alguns pontos. Isto quer dizer que eu tinha que
desmanchar uma parte do trabalho e começar de novo. Depois de ter acontecido isso
algumas vezes, minha paciência se esgotou e comecei a condescender com um velho
hábito, ao qual eu dava o nome de "fazer os santos descerem do Céu" [falar palavras
obscenas].
Posteriormente, chamei meu patrão para checar os ajustes de minha máquina. Ele
veio, reajustou a tensão das bobinas, e examinou várias outras peças que poderiam estar
causando o problema, mas não adiantou muita coisa.
No intervalo da dez horas da manhã, Cyril e eu nos dirigimos ao lado de fora do
prédio para respirarmos um pouco de ar fresco, e conversamos a respeito das minhas
dificuldades. Perguntei se ele sabia de qualquer coisa que eu pudesse fazer para resolver
o meu problema. Ele coçou o queixo um pouco e, então, disse:
- Já que você pediu minha opinião, eu creio que sim. Roger, por favor, tenha mais
cuidado com o nome de Deus. Eu podia ouvir a sua voz acima do barulho das máquinas e
podia notar que não estava orando para pedir ajuda.
A resposta dele me surpreendeu um pouco, mas ele o fez de tal modo que
conseguiu expressar-se sem me ofender. Ao mesmo tempo, vi nisso a oportunidade de
descobrir aquilo que Harry queria saber.
- Cyril, perdoe-me se falei qualquer coisa que o tenha ofendido - respondi,
imediatamente. - Não foi essa a minha intenção. A propósito, entendo que você é uma
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Viagem Ao Sobrenatural
SpiritualAs experiências e recordações da infância e da guerra haviam levado Roger Morneau para longe de Deus de tal maneira, que ele agora O odiava. Depois da guerra, Roger foi levado, através de um amigo, a adorar os demônios. Então, ele descobriu as boas...