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desvanecera meu ódio a Deus, e minha vida ímpia se estendia diante de mim. Ao mesmo

tempo, eu compreendia que era vítima de perseguição satânica.

Os espíritos demoníacos me oprimiam, agora, com uma sensação de desânimo que

eu nunca havia sentido - e, que desde então, nunca mais senti. Eu sentia a presença

deles fisicamente, a ponto de ter dificuldade para respirar. Era como se alguma coisa

estivesse a me privar de oxigênio.

Silenciosamente, em meu desespero, e quase sem fôlego, falei: "Que Deus tenha

piedade de mim". Não foi a minha intenção fazer uma oração, mas, para minha surpresa,

a condição de sufoco deixou-me imediatamente, bem como a sensação de desespero.

Depois de lavar o rosto com água fria, voltei à minha máquina. Enquanto

trabalhava, minha mente foi invadida pelo pensamento de que, talvez, o Doador da vida

ouvira meu grito, expulsando os espíritos maus. Mas, por que teria feito isso? Eu havia

devotado ódio a Deus e blasfemado o Seu nome. Ele nunca poderia perdoar-me. Não

obstante, ninguém, exceto o Deus do Céu, poderia ter me livrado da forma como eu

acabava de sentir.

Outra ideia que me passou pela cabeça foi a seguinte: embora eu mesmo não

pudesse ser perdoado, nem esperar a vida eterna do modo que Cyril havia explicado,

talvez, fosse a intenção do Criador usar alguém tão indigno como eu para trazer uma

bênção à vida daqueles a quem Ele amava e queria ter na Terra renovada.

Eu não podia pensar em outra coisa, senão que Deus havia feito com que eu

conhecesse Cyril, que tinha tanto conhecimento acerca das realidades eternas. Todavia,

seria possível que o Deus do Céu tivesse ouvido o meu grito por socorro alguns dias antes

quando, na minha casa, eu dissera: "Se há um Deus no Céu que Se importa comigo, que

Ele me ajude!"

"Ele Se importa, sim, Ele Se importa!" Eu quase gritei essas palavras, com todo o

volume de minha voz, para que todos na fábrica pudessem ouvir, mas me contive. Vendo,

agora, que Deus tinha real interesse em mim, decidi pedir que Cyril me falasse mais a

respeito do que ele havia encontrado na Bíblia. Se Deus tinha consideração por mim (uma

pessoa tão indigna como eu), Ele deveria interessar-Se por muitas outras pessoas. Estas

seriam boas pessoas, mas que ainda são desconhecedoras do desejo de Deus para com

elas.

Talvez, se eu me envolvesse com o bem-estar eterno dos outros, Deus poderia me

livrar do poder dos espíritos demoníacos e eu poderia viver o resto da minha vida feliz,

com o pensamento de que, mesmo não podendo ser salvo, eu poderia informar muitas

pessoas deste mundo sobre o terrível conflito que se tem arrastado nos bastidores, tendo

o objetivo de levá-los a tomarem decisões inteligentes por Cristo.

Não demorou muito, e comecei a sentir grande indignação pelo fato de os

demônios terem desencaminhado a raça humana. Ali, naquele momento, eu decidi romper

com eles.

Naquele dia, após o encerramento do expediente, disse a Cyril que gostaria de ir

caminhando com ele até a parada do bonde para conversar um pouco mais. Enquanto

íamos andando, perguntei s ele estaria disposto a estudar a Bíblia comigo. Ele disse que

seria um prazer. Então, perguntou:

- Você gostaria de começar no próximo final de semana? A partir daí, poderíamos

estudar a Bíblia uma ou duas vezes por semana.

- Cyril, por motivos que agora não posso revelar, é muito importante para mim que

comecemos esta noite. Teremos nosso encontro na minha casa ou na sua?

Então, ele me convidou para o estudo na casa dele, às 19:00. Ao nos despedirmos,
ele ainda parecia surpreso com a minha insistência em começarmos naquela noite.
Naquele momento, nenhum de nós sabia que, dali a uma exata semana, teríamos
concluído uma série de 28 estudos bíblicos.

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