Louca?

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​Mesmo que a garota já estivesse dormindo, Robert continuava a passar o pano úmido sobre os ferimentos de suas mãos. Os nós dos dedos dela estavam em carne viva, isso onde já haviam parado de sangrar. Ele entrelaçou os dedos nos de Alice e olhou seu rosto adormecido. Detestava pensar que ela estava sofrendo e que, além de tudo, causava dor a si mesma para resistir ao que poderia vir a acontecer.

​Robert então a ajeitou na cama, cobrindo-a e unindo suas mãos para que não voltassem a sangrar pelo atrito com a cama. Foi para o andar debaixo tentar ver o que havia acontecido para Alice estar chorando daquela maneira. Lá, viu Eleanor, Gabriel, Vitor e Mariana discutindo baixo.

​– O que está acontecendo? - perguntou assim que se aproximou deles. Vitor, frustrado, passou as mãos nos cabelos e suspirou. Eleanor não lhe deu dois segundos para falar.

​– Está acontecendo que a sua namorada está completamente louca. Ela me atacou porque achou que era Charlotte, tem noção? – a garota se voltou para ele, irritada. Em seus olhos, foi evidente o ódio que na verdade sentia. Robert a encarou por um momento. O deboche em sua voz e sua expressão carregada de antipatia lembravam muito a garota de quem ela falava. Era comum ver Charlotte usar aquele desprezo para falar de alguém.

​– Você consegue fazer lembrá-la quando fala assim – deixou escarpar.

​– Como é que é? – indignou-se, furiosa. Percebendo sua própria estupidez, ele se concertou rapidamente, rindo.

​– Estou brincando. Claro que não se parece com Charlotte. Mas sobre Alice... Como assim te atacou? – era tudo que lhe interessava. Será que a menina já estava tão louca a ponto de confundir a própria irmã com Charlotte.

​– Ela achou que tinha alguém aqui, já que não era para Eleanor estar passeando por aí, e deduziu que fosse Charlotte – Vitor explicou. Pelo jeito, já estava bem irritado.

​– Você continua teimando que a culpa seja minha por Alice ter me atacado. Eu apenas havia saído para caçar, ou também não posso fazer isso?

​– Chega, por favor – Gabriel os interrompeu, segurando Vitor, que estava quase indo para cima da irmã mais velha. – Robert, acredito que o que houve foi que Alice realmente esteja um pouco fora de si e um tanto quanto obcecada com tudo que já aconteceu, o que me deixa bem preocupado com ela.

​O garoto era tão equilibrado e mais articulado que Eleanor, que era fácil se deixar levar pelo que ele dizia. Porém, não era tão simples assim colocar Robert contra a namorada.

​– Acho que não é nada assim tão grave. Ela estava treinando logo antes de entrar em casa, então faz sentido que a adrenalina dos movimentos tenha distorcido um pouco o que aconteceu na cabeça dela. Não deveríamos dizer que Alice está louca apenas por um evento isolado.

​Gabriel concordou com a cabeça, mas em seus olhos foi evidente que não concordava.

​– Eu estou tentando falar isso, mas até parece que vocês iriam me ouvir – Vitor praticamente rosnou.

​– Primeiro que você não sabe conversar, você discute – Mariana finalmente abriu a boca. – Segundo, quem foi que disse que concordamos? – ela se voltou para Robert. – Veja, o problema é que não foi só um evento isolado, como você disse. Você sabe que Alice tem se machucado para treinar?

​– Sim, eu sei. Infelizmente... Isso é culpa minha. Sugeri que ela treinasse para resistir à dor, mas minha intenção nunca foi que ela passasse por isso. Nunca quis que ela sofresse.

​– Está vendo? Alice distorce as coisas, e não enxerga isso. Resistir à dor é uma coisa, enfiar uma estaca em si mesma para treinar é outra bem diferente – Eleanor ainda estava nervosa.

Forever II - Vivendo a EternidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora