Surpresa

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​Eleanor saiu do quarto e foi até Gabriel, adormecido na cama. Respirou fundo, resistindo ao que iria fazer, mas ciente de que não tinha opção.

​– Fique quieto. Você não vai acordar – ela mandou, sabendo que ele não tinha como desobedecer. O garoto nem se mexeu, então amarrou suas duas mãos à cabeceira de sua cama. Em seguida, seguiu para o quarto de Mariana e fez com ela o mesmo. No quarto dos gêmeos, amarrou cada um a sua cama, e respirou fundo ao sair dali.
​Entrou no quarto de hóspedes, fazendo o máximo possível para não fazer barulho, e se aproximou de Catarina, adormecida e roncando baixo, e lhe quebrou o pescoço. Ela deu um leve gemido, mas não era o suficiente para chamar a atenção de alguém... Ou melhor dizendo, de Vitor.

​Cuidadosa, Eleanor seguiu para o quarto deste. Abriu a porta quase sem fazer barulho, e viu que o garoto também dormia. No entanto, seu sono era mais leve que dos outros, como sempre, e ele parecia agitado. A vampira o observou alguns segundos, então arriscou um passo em direção à cama. Assim que ele se mexeu, ela paralisou, e depois de alguns instantes, voltou para trás e fechou a porta outra vez. Por fim, seguiu para fora da casa, e se enfiou entre as árvores do jardim.

​– Você é realmente demorada, hein? – ouviu a voz dela logo atrás de si, e deu um salto pelo susto.

​– Eu fiz a minha parte. Não quero ver o que vai fazer. Vou dar o fora daqui assim que me der minha liberdade – Eleanor se surpreendeu por não gaguejar.

​– Tudo bem, certo. Você está livre, Eleanor, e juro não ir atrás de você por nada mais. Não irei mais te incomodar, agora que cumpriu seu dever – ela suspirou, então estendeu a mão para a garota. Insegura, ela a apertou, e então soube que aquele gesto tivera sim um grande significado para a outra.

​– Vitor não está amarrado. Ele tem o sono muito leve – avisou a morena, e a outra apenas assentiu. – Por favor, faça com que a morte deles seja rápida. Por favor.

​– Não sou do tipo misericordiosa, Eleanor – ela se voltou para a casa. – Agora, suma, porque esta noite, eu vou me divertir muito.

​Com um sorriso psicopata, Charlotte saiu das árvores.

​​​​​* * *

​Robert entrou no beco, pretendendo rastrear a garota a partir dali, já que ela não estava no quarto da pensão. Porém, assim que entrou ali, percebeu que não seria necessário, e mais um vez agradeceu aos deuses por ter encontrado com seu irmão, Morfeu.

​Em sua fúria, ele correra até outra travessa da cidade. Precisava matar. Precisava destruir algo, quebrar alguma coisa, jogar algo longe. Precisava mais que tudo, de alguma coisa, qualquer coisa, que tirasse a imagem de Pedro quase por cima de Alice que estava grudada em sua mente. Enlouquecido, ele jogara longe algumas caixas, e socara a parede, esmagando alguns tijolos mais fracos sob seus dedos.

​– Ora, ora... Não esperava ver meu irmão por aqui – riu Morfeu, recostado contra a parede oposta, observando Robert.

​– Morfeu... Ela... – ele soltou, incapaz de pensar com clareza. Apoiou o rosto nas mãos, e só assim percebera que estivera chorando, desesperadamente. – Alice...

​– Achei que ela estivesse morta – suspirou o mais jovem. Foi até o irmão, e ainda que fosse mais baixo que este, passou um braço por seus ombros e o conduziu para fora do beco. – Venha, estou morando perto daqui, pode desabafar comigo.

​Na casa do garoto, Robert lhe explicou o que havia acontecido, chorando e xingando ainda mais. Morfeu apenas o observou, pensativo.

​– Você é muito mais apaixonado por ela do que era por Charlotte – ressaltou ele. O loiro queria bater nele por ser tão calmo.

Forever II - Vivendo a EternidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora