A garota jogou o corpo inerte do homem no chão, sorrindo. Podia ter feito besteira, mas Alice salvara seus irmãos, e sabia que todos ficariam bem.
– Ah, Eleanor... Como é bom te encontrar por aqui – era, obviamente, a voz de Charlotte, logo às suas costas.
– Achei que tivesse jurado me deixar em paz. Não sabia que agora você já está até quebrando suas promessas – a morena se virou, vendo assim a estaca na mão da outra.
– Ah, sim... Eu jurei isso, sim. Mas você me mostrou que eu não deveria ter confiado – a mais velha, de repente, a prendeu contra a parede, o rosto distorcido como o de um demônio. – Foi você quem avisou a tonta da Alice, não foi?
– Não. É claro que não – mentiu Eleanor, confiando em talento de esconder a verdade para se salvar.
– Me diga a verdade! – rosnando, Charlotte puxou o rosto de Eleanor, a forçando a olhar em seus olhos. – Agora.
– Sim, fui eu. Jamais poderia deixar meus irmãos morrerem nas suas mãos – a vampira respondeu, incapaz de resistir à compulsão.
A mais velha a atirou no chão com toda a força, furiosa.
– Você se acha muito esperta, não é? – ela pisou na mão de Eleanor, esmagando os ossos sob seu pé. – Pois nós tínhamos um trato. E agora, você vai pagar.
Charlotte enterrou a estaca no peito da outra, perto de seu coração. A garota gritou com a dor, surpresa.
– Isso vai te matar em três ou quatro dias no máximo. Mas fique tranquila, vai ter tempo de ver seu irmão mais querido partir logo antes de você – ela sorriu. Aquilo parecera aliviar sua raiva. – E claro, devo te lembrar que não é uma morte rápida. E nem agradável. Esse veneno seria capaz de matar Robert, só precisaria de mais tempo.
* * *
Alice acariciava os cabelos de Gabriel, que tinha a cabeça apoiada em seu colo e um pano sobre o nariz, que sangrava.
Ela sentia as lágrimas escorrendo livremente por seu rosto. Aceitar a morte do irmão lhe doía terrivelmente, e vê-lo sofrendo era ainda pior que perdê-lo. Há algumas horas, perguntara a Robert como seria, finalmente, a morte causada por aquele veneno, mas o garoto não sabia. Nunca ficara para ver isso; no entanto, tinha certeza de que a dor não era pouca.
Gabriel tentava não demonstrar, e talvez os irmãos por isso não percebessem, mas as dores eram terríveis. Alice tinha consciência disso por já ter estado naquela situação, e portanto, fazia questão de estar cada minuto ao lado dele. Principalmente quando...
Ela não se permitiu completar aquele pensamento. Era doloroso demais, e não havia mais lágrimas para sair de seus olhos.
– A última coisa que eu queria era que sofresse por mim. Já lhe disse que não mereço uma única lágrima sua – o vampiro passou uma mão por sua bochecha, limpando seu rosto. – Não mereço nem que cuide de mim, aliás.
– Gabriel, sabe que para mim não faz a menor diferença se você merece ou não. Eu me importo com você e te amo muito, por isso vou estar com você sempre que precisar – ela lhe deu um beijo na testa, carinhosa.
Ele tossiu, engasgado novamente. Alice o ajudou a se sentar, e o viu tencionar os músculos. O movimento brusco de tossir lhe causava dor, e portanto tentava não se deixar engasgar.
O garoto estava extremamente pálido, e suas mãos tremiam. Sua pele, principalmente por ser vampiro, estava fervendo, e seus lábios, assustadoramente ressecados. Há dois dias ele havia desistido de beber mais sangue; ainda que o ardor na garganta na garganta fosse quase insuportável, vomitar a cada vez que se alimentava era ainda pior. No dia anterior, quando estavam todos na sala, tentando de alguma maneira se distrair, Gabriel chegara a chorar sangue. Não que ele tivesse se permitido chorar na frente dos outros, mas dos canais lacrimais, escorriam pequenas gotas de sangue que Alice limpara cuidadosamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Forever II - Vivendo a Eternidade
VampireForever I - http://w.tt/21MoI45 Ela nunca almejou o poder. Passaram-se 80 anos, e ela ainda treme de medo de Charlotte e Pedro. Alice pretendia escapar, mas não conseguiu. Robert sente a falta dela todos os dias, assim como os Johnsen. E por falar...