Alice se levantou de madrugada, trocou a camisola por um vestido branco simples e desceu para o andar debaixo do casarão, saindo para o enorme jardim que havia nos fundos.
Desde o dia da morte da mãe, a garota voltara a treinar, com todo o empenho, e estava cada vez melhor, por mais que sempre se auto-criticasse e exigisse ainda mais de si mesma. Os irmãos, principalmente Vitor, estavam sempre tentando controlá-la, afinal não eram poucas as vezes em que ela estava com os nós dos dedos feridos ou com o corpo coberto de hematomas que ela mesma causava, insistindo em determinado golpe ou movimento que aos poucos, pela repetição, acabava por machucá-la. Robert, sempre que a via nesse estado, se culpava por tê-la ensinado. Antes de começar a treinar, Alice voltou a lembrar daquele momento.
* * *
Ela estava no campo de sua antiga casa, perto de um grupo de árvores, na noite logo após terem tomado a decisão de se mudarem. Treinava com afinco, chutando repetidamente o ar, dando giros e socos, como se seu oponente imaginário realmente estivesse tentando algo. Aquele dia, especialmente, era destinado a fingir se proteger de golpes inesperados, treinando defesa.
Robert já há algum tempo a estava observando, e foi até ela, parando atrás dela e a abraçando.
– Oi – sussurrou. Alice parou por um momento e sorriu para ele, ofegante. – O que está fazendo?
– Treinando.
– E posso te ajudar?
– Não quero te machucar – ela riu, o provocando.
– Engraçadinha – o garoto sorriu, olhando-a de cima. – Quero te ajudar a treinar. Por mais que você seja a melhor lutadora, eu ainda sou o mais experiente. E afinal, eu te devo isso, não? Nem que seja apenas para apanhar de você.
Alice parou e o encarou. Estava totalmente disposta a aprender o que Robert tinha a lhe ensinar, mas também não queria admitir que poderia aprender com ele. Resolveu desafia-lo.
– Posso saber o que te faz pensar que pode me ensinar algo? – ela ergueu as sobrancelhas. Robert riu, a olhando com deboche, como se já esperasse aquela reação. – Pare de rir, estou falando sério.
– Eu sei que está – a encarou então, abaixando-se para ficar na mesma altura que ela. – Bem, eu posso te ensinar, porque, como já disse, sou mais experiente, e conheço técnicas que podem te ajudar muito. Mesmo que eu não as domine, eu conheço, e estou certo de que isso te ajudaria muito. Além do mais... – o garoto deu uma pausa dramática, para sorrir em seguida. – Fui treinado pela garota que você pretende enfrentar, e treinei o garoto que pode ser seu maior problema.
– Como o que? – arriscou, ignorando o segundo motivo, e tentando não se deixar abalar pelas provocações.
– Ah, Alice... Você se acha muito esperta, não é? – ele sorriu, se divertindo. – Pode esquecer. Eu só vou te ajudar quando você admitir que precisa de ajuda.
Ela bufou, e revirou os olhos antes de responder.
– Tudo bem. Eu quero que você me ajude.
Robert sorriu.
– Bem, veja... O que eu vou te dizer agora é apenas uma dica. Não vou te ajudar com isso, porque não conseguiria – ele virou o rosto, desviando o olhar dela. – A sua maior fraqueza... Digo, a sua única fraqueza quando está lutando é não resistir à dor. Você acaba caindo com certa facilidade depois que se fere; você suporta, é verdade, mas se machuca o braço, por exemplo, já não consegue mais atacar com ele, o que te dá uma arma a menos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Forever II - Vivendo a Eternidade
VampireForever I - http://w.tt/21MoI45 Ela nunca almejou o poder. Passaram-se 80 anos, e ela ainda treme de medo de Charlotte e Pedro. Alice pretendia escapar, mas não conseguiu. Robert sente a falta dela todos os dias, assim como os Johnsen. E por falar...