Vitor observava o sol nascendo, colorindo o céu de laranja, começando a trazer um pouco de luz à vasta escuridão da floresta. A noite fora longa e cansativa, e o amanhecer não era suficiente para clarear os pensamentos do garoto.
Todos os demais já estavam na cama, mas ele nem pensara em se deitar. Não suportaria as lembranças da mãe que o tomariam, ou os pensamentos sombrios que o estavam atormentando desde que encontrara o corpo inerte da mãe. Ideia assustadoras lhe passavam pela cabeça, sobre Charlotte e Pedro, sobre o que eles fizeram, sobre Eleanor... E os piores; sobre Alice. Vitor os afastava a todo momento, mas sabia que não conseguiria evitar aquilo por muito tempo. Quando a irmã dissera que iria atacar Charlotte, ele se colocara em pé pronto para encorajá-la.
Não concordava com Eleanor, sobre Alice ter sido culpada pelo que acontecera, porém... Ele se importava com todos os irmãos, então, se Alice estava colocando todos eles em risco, o mais lógico era permitir que ela enfrentasse Charlotte e acabasse com aquilo de uma vez por todas. Se ela vencesse, ótimo, seria perfeito, porém se perdesse... Vitor sabia que seria quem mais sofreria, mas eles estariam em paz, livres da vampira que tanto os odiava. O garoto temia resolver as coisas dessa maneira, mas não sabia se o faria se fosse necessário.
Ainda assim, Vitor sabia que nunca diria aquilo a alguém. Alice, com certeza, já pensara naquilo, e a única razão para não ter enfrentado Charlotte era clara: Robert. Os irmãos, juntos, poderiam superar a morte dela, aos poucos, mas ele jamais conseguiria. Estava sozinho e não suportaria perder a única coisa que valorizava. Vitor, nos últimos dias, percebera algo: no fundo, eles sabiam que Alice não estava verdadeiramente morta, ou teriam estado muito pior. Tinha que admitir que agora acreditava em intuição.
Ele não soube quanto tempo ficou ali, apenas pensando, deixando-se aliviar a tensão que pesava em seus ombros, enquanto o dia nascia e o distraía com as belas cores da manhã. O garoto suspirou, desejando que todo o resto também pudesse ser daquela maneira. Simples e passageiro. Sem dores, sem grandes complicações, sem o constante risco de vida. Pela primeira vez em oitocentos anos, Vitor desejou ser humano outra vez, e poder estar alheio a todo aquele horror.
Catarina se aproximou dele, vindo de dentro da casa. Ela parecia preocupada.
– Oi – falou, se sentando ao seu lado na escada. Vitor se virou para ela, distraído.
– Oi. Por que está acordada? – ele perguntou.
– Aposto que pelo mesmo motivo que você – a garota deu de ombros. – Não consigo dormir, então vim te fazer companhia.
– Parece estranho fazer algo tão comum como dormir, não é? Como se não fizesse parte do resto – Vitor remexeu as mãos, sentindo-se inquieto sem motivo aparente.
– Sim... Acho que é isso. Muita coisa a se pensar... Isso está virando uma confusão nos meus sonhos – Catarina desabafou, revirando os olhos em seguida.
– Tem tido pesadelos? – Vitor voltou a encara-la.
– Para falar a verdade, sim. Tenho tido uns sonhos estranhos, sempre com algo meio sombrio – ela baixou a cabeça, se perguntando porque estava falando daquilo com Vitor.
Este hesitou alguns segundos antes de tomar uma atitude, mas por fim passou um braço pela cintura de Catarina e a puxou para mais perto de si, apoiando a cabeça dela em seu pescoço. Percebeu quando ela ficou tensa contra ele, mas em seguida relaxou e suspirou.
– Eu vou tentar evitar os motivos que tem causado esses pesadelos, tudo bem? – o garoto perguntou, acariciando as ondas escuras dos cabelos dela em suas costas.
Catarina assentiu, reprimindo um sorriso bobo que tentava teimosamente aparecer em seus lábios.
---------------------
Nota da AutoraEu sei que o capítulo tá curto, juro que sei... Mas semana que vem vai ser maior, e se bobear ainda posto capítulo bônus durante a semana pra comemorar o fim da aulas (FINALMENTEEEEE)
O Vitor mal desse jeito... Coitado, eu morro de dó dele... Simplesmente por nunca deixar os outros saberem o que realmente está sentindo. Isso mata por dentro, juro.
E essa Catarina? Eu não aguento ela, sério hahaha. Não que ela seja irritante, mas às vezes tenho vontade de rir. Ela é totalmente doida.
Pois é gente, eu fico por aqui... Até semana que vem ;)
Ps: não se esqueçam de votar, votos incentivam <3
VOCÊ ESTÁ LENDO
Forever II - Vivendo a Eternidade
VampiroForever I - http://w.tt/21MoI45 Ela nunca almejou o poder. Passaram-se 80 anos, e ela ainda treme de medo de Charlotte e Pedro. Alice pretendia escapar, mas não conseguiu. Robert sente a falta dela todos os dias, assim como os Johnsen. E por falar...