14. Sonhos que não me pertencem

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Coréia, disnatia Joseon — 1592 (Guerra Imjin)


Sangue. Para onde quer que eu olhasse o vermelho escarlate do sangue se estendia por todos os lados, meu coração se comprimia ao ver tantas vidas perdidas friamente, tantos feridos. Mas não havia nada que eu pudesse fazer para impedir, eu era apenas uma mulher, submissa e curvada às leis, não podia me impor. Eu era a princesa, filha do soberano de Joseon, Seonjo, o que eu poderia fazer além de cumprir as ordens de meu pai e me deter a ficar no castelo? Podia curar. Mesmo essas ordens eu fazia questão de contrariar, era tudo que eu podia fazer pelo povo que sofria e os soldados feridos que ainda tinham alguma chance de se recuperar. A guerra era algo horrível, mesmo que eu soubesse seus propósitos por parte do meu pai, não conseguia entender como homens podiam ser tão inflexíveis e frios, quando eu via os soldados com membros quebrados, amputados, feridas tão profundas que suas chances de sobrevivência diminuía, me perguntava até onde ia a ambição... qual o preço a pagar para ter mais.

— Cho-hee! — A voz estrondosa do meu pai espalhou um frio pela minha espinha.

— Majestade! — Curvei-me em respeito.

— Quantas vezes devo ordenar que fique no castelo?! — Repreendeu-me. — O que eu faria se ficasse doente? Se acabasse contaminada com algum espírito maléfico?

— Perdoe-me, majestade, mas não posso ficar passiva enquanto estes infelizes sofrem, permita-me ser útil ao meu povo.

— Você será útil obedecendo seu pai e sua mãe e gerando herdeiros para esta nação, Joseon! — Sua voz inflexível me causou um enjoo.

— Sinto muito tê-lo desobedecido, aba-papa. — Curvei-me novamente.

Ele me escoltou junto com os guardas até o palácio, sentei-me à minha mesa e esperei, não havia nada que eu pudesse fazer além de pensar em tudo aquilo, refletir sobre aquelas pessoas sofrendo e imaginar Jung-hwa no meio da batalha para impedir os homens do regente japonês Toyotomi Hideyoshi que decidiu conquistar a China e pediu a papai passagem livre, mas como podíamos trair o império Chinês quando éramos seus subalternos até certo ponto? Então, ele decidiu reunir seus exércitos e entrar à força em nossa terra, jovens e velhos foram convocados para combater e impedir a invasão e mesmo no início o número de feridos já era alarmante.

— Alteza... — começou a senhora Dae, minha criada particular. — por que contraria vosso pai dessa forma?

— Sinto-me impotente sem fazer nada aqui, Dae! — Desabafei. — Viu quantos feridos há? E todo momento mais chegam! Quando isso irá parar?

— Seu pai está fazendo o melhor que pode, princesa, o imperador Wanli enviou tropas para fortalecer nossos exércitos.

— Em que isso ajuda as pessoas que morreram, como Won Gyun, Yi Eok-gi? Mais mortes fará com que eles revivam? — Lágrimas arderam em meus olhos. — É tolice rebater tapa com tapa, Dae, são inocentes que sangram.

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