18. A Luz dos Seus Olhos

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::ANA::

Pérsia — 479 a.C.

Permaneci olhando a rua por um longo tempo. O estranho havia desaparecido e parecia desnorteado, senti-me mal por ele, parecia que no fundo do seu coração ele realmente desejava que eu o reconhecesse, mas não podia fazê-lo, não tinha ideia de quem ele era. Deduzia que era de uma família abastada, talvez algum homem de confiança do príncipe, pelas roupas finas que usava. Era lindo de uma forma que eu nunca havia visto na vida e algo estranho moveu-se dentro de mim no momento que sua mão tocou meu braço, de alguma forma era como se eu reconhecesse aquele toque.

Meneei a cabeça e voltei para casa, não podia me deixar levar por aquilo, não quando a escolha estava tão perto. Precisava me concentrar, pelo bem da minha família, eu só teria uma chance, mesmo que não almejasse ser a princesa tinha que pesar as consequências positivas que aquela escolha traria para os meus pais e o meu povo. Por alguma razão que não notei, as pessoas olhavam para mim enquanto eu passava o que começou a me deixar desconfortável então apressei-me para chegar logo e me ver livre dos olhares interrogativos que pareciam espinhos na minha pele.

— Você demorou, filha. — Comentou minha mãe. — Aconteceu alguma coisa?

— Não. — Menti. — É que acabei me distraindo com os preparativos do purim... desculpe, mamãe.

Fui para o meu quarto antes que outras perguntas surgissem ou que ela percebesse a tensão que me dominava, minha mãe sempre fora muito perceptiva e muitas vezes eu não gostava desse dom dela, havia coisas que eu queria manter para mim. Encolhi-me sobre a cama e me pus a pensar no estranho de minutos antes, por alguma razão seu semblante não saía do meu pensamento, o toque dos seus dedos na minha pele ainda ardia como se houvesse marcado sob minha pele, quem ele poderia ser e por que todas as pessoas ficaram me olhando como se eu fosse uma espécie de criminosa?

Meneei a cabeça tentando afastar aqueles pensamentos, mas mesmo que eu tentasse com todas as forças, eu não conseguia esquecê-lo, o som da sua voz, o desespero nos seus olhos. Anne... era um nome muito estranho, nada que eu houvesse ouvido antes, o jeito como ele me olhava parecia desejar ardentemente que eu soubesse quem ele era, mas a impressão que tive foi que nem mesmo ele sabia quem era.

Os dias passaram mais rápido do que eu gostaria, não encontrei mais o estranho, era como se ele tivesse desaparecido completamente. Eu não entendia porque queria tanto vê-lo novamente. As festividades do purim estavam no final e os preparativos para a escolha começaram em todas as casas, na minha não era diferente minha mãe começou a me ungir com óleos que eu não sabia de onde tinham saído, comprou tecidos para minha nova túnica, e novas sandálias. Fui proibida de sair de casa até o dia que seria escoltada para o palácio, era como o processo funcionava e, durante todos os dias que não vi a rua a não ser pela pequena janela do meu quartinho, me punha a pensar no estranho homem que me confundira naquele dia.

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