36. A menina de luz

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::FERNANDO::

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::FERNANDO::

:1992:

O salão estava lotado. Ainda que eu não fosse ter uma designação naquele momento, queria ver meu irmão Ulyel que finalmente estava pronto para ser um guardião. Finalmente conseguira um posto na milícia e estava treinando arduamente para ser da frente de combate depois de tantos séculos como guardião, não poderia estar mais feliz. Sempre que nascia uma criança — coisa que acontecia o tempo todo — formava-se uma assembleia para atribuir-lhes guardiões que seriam encarregados de sua proteção até o dia de suas mortes, era a primeira atribuição de Ulyel e me sentia particularmente feliz por ele.

Os murmúrios corriam pelo salão provocando um som uniforme que impedia-me de discernir quem conversava o que, a maioria tinha irmãos ou amigos que finalmente receberiam uma missão. Para nós, anjos, conforme a legião em que éramos criados, precisávamos passar por algumas etapas antes de servir propriamente aos designios do Criador. Aquele era, sem dúvida, um dia de celebração, e estávamos todos curiosos e ansiosos para que a cerimônia tivesse início. Nossa espera foi satisfeita quando Adamis pôs-se de pé no topo das escadas e começou a distribuir as atribuições.

— Agradeço a todos seu duro serviço até aqui. Para vocês, nascidos no cerne dos anjos, a principal função é difundir no mundo mortal a paz e a anunciação da boa nova do Criador. Dessa forma, com o poder a mim conferido pelos arcanjos e Serafins, eu vos envio ao mundo humano para proteger os filhos do Senhor, cujo coração ele aprecia e com quem se preocupa.

Mesmo tendo sido criado na legião das dominações, eu havia escolhido por livre vontade servir como guardião. Anjos da guarda sofriam as provações mais difíceis do reino celestial, mesmo que os querubins fossem os seres mais próximos de Deus, sua tarefa principal era proteger o Éden, não havia ninguém ali com capacidade real de enfrenta-los ou mesmo algum ser existente no universo que conseguisse, de fato, chegar até ali para tentar. Ao contrário deles, os anjos — última patente — recebiam as funções mais difíceis, sob o comando de Gabriel como seu príncipe, eles tinham a função de conviver no mundo humano sofrendo a provação de seus corações sombrios e quanto pior fosse o designado, mais difícil tornava-se o trabalho do anjo para não abandoná-lo. Como seres feitos a partir da mais pura luz, a maldade humana era quase tóxica para nós, por essa razão, eu tinha em mente que não encontraria um trabalho mais difícil em todas as guardas, mesmo a minha.

Entretanto, meu trabalho foi em grande parte frustrado. Apesar de alcançar grande prestígio entre os demais guardiões, nunca peguei um designado que fosse realmente ruim, normalmente eram pessoas incompreendidas, solitárias ou corajosas demais. Apenas uma vez eu me deparei com a verdadeira maldade humana da qual fui tantas vezes alertado, entretanto, cumpri meu trabalho sem interferir e a partir daquele momento procurei esquecer o que vi mesmo que incialmente tenha parecido impossível.

1 – Você não deve interferir na vida mundana.

2 – Seu designado nunca deve vê-lo.

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