23. Liberta-me

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::ANA::

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—Hans, meu velho! — Oliver veio nos receber e abraçou Hans dando-lhe tapinhas nas costas, meus olhos ainda estavam fixos no estranho. — Que bom que finalmente chegou. E, Andrea, linda como sempre!

— Prazer em vê-lo, Oliver. — Cumprimentei-o cordialmente tentando disfarçar meu súbito nervosismo. O estranho continuava me olhando descaradamente, sentia como se seu olhar fosse um toque na minha pele, despindo-me despudoradamente. — Sempre muito gentil.

— Venham, só estava faltando vocês. Deixe-me apresenta-la, Andrea, Adolf Hitler, chanceler e militar de prestígio. — O homem fez um breve aceno para mim. — E, Fritz Göring. Um companheiro de revolução, filho deste país e um magnífico soldado. Estes são Hans Thorsten e Andrea Keller.

— É um imenso prazer. — Disse ele apertando a mão de Hans. — Estou encantado, Frau Keller. — Disse em seguida segurando minha mão e depositando um beijo suave sobre ela.

— Igualmente, qualquer companheiro de Oliver é meu companheiro! — Disse Hans apertando fortemente a mão dele. — Espero que não estejamos atrasados em demasia.

— Não, claro que não! — Insistiu Oliver. — Eva preparou uma torta de chocolate para sobremesa que tenho certeza vai agradar você, minha querida Andrea.

Seguimos para sala de jantar onde a mesa estava posta, Hans sentou ao lado de Oliver na ponta da mesa e eu ao lado dele, de frente para mim estava Fritz, cujo olhar ainda me cobria completamente como se analisasse cada movimento meu, sempre que eu olhava em sua direção era como se conseguisse sentir o leve choque do nosso contato na livraria, o modo como seus olhos negros — tão incomuns em nativos alemães — eram cheios de um brilho apaixonado me faziam ruborizar. Hans perdeu-se em uma conversa enfadonha com Oliver e Hitler em uma tentativa aparentemente frustrada de fazê-lo aderir ao partido dos trabalhadores alemães.

— Apreciou o livro, Frau Keller? — Fritz perguntou-me tranquilamente enquanto cortava o bife em seu prato.

— Oh, muitíssimo, Herr Göring, Herr Heine é de fato muito direto e intenso.

— Sua poesia é de fato muito realista e apesar da carga romântica impressa entre as linhas ele era um pensador sábio. — Comentou dando um gole na taça de vinho tinto. — Uma mulher que aprecia a leitura é uma dama culta, tem interesses políticos?

— Não intensamente quanto os cavalheiros presentes. — Respondi lembrando do comentário de Hans antes de entrarmos e imaginando se era da mesma posição. — Guardo meus pensamentos acerca do assunto para mim mesma.

— Uma pena, mulheres são seres cheios de sentidos aguçados para todos os assuntos e as que leem são especialmente perigosas. — Um sorriso brincou em seus lábios, quase não conseguia acreditar que ele estava flertando comigo tão descaradamente na frente do meu desatento noivo arranjado. — Como diz Heinrich Heine:

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