17. Você que eu não consigo esquecer...

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::ANA::

Voltar para casa me causou uma sensação estranha, parecia que eu havia passado meses no hospital e por um instante fiquei me sentindo como Juliana por tal hipérbole. Entrei em casa e segui direto para o meu quarto, não que eu realmente quisesse descansar nem nada, eu só queria me isolar mesmo, se eu estava cansada de alguma coisa era de toda aquela bizarrice que a minha vida se tornara. Deitei-me de barriga para cima e comecei a olhar o teto do meu quarto, a imagem do rosto de Fernando não saía da minha cabeça um só segundo e eu realmente temia o fato de não ter medo disso. Primeiro, porque eu não sabia absolutamente nada sobre ele, com exceção do nome e eu nem tinha certeza se não era falso. Segundo, porque ele admitiu que estava me perseguindo e incrivelmente eu não fiquei assustada, não contei a ninguém, como se fosse a coisa mais normal do mundo — e não era. Definitivamente eu estava enlouquecendo.

Não saía de mim a impressão de que eu o conhecia ou de que, alguma vez, eu já o vira. E não me referia aos pesadelos bizarros que eu tinha com ele, muito provavelmente eu estava tão encantada com aquela pose de heroi de livro de fantasia que havia me esquecido que morava no mundo real, onde nephilins e conjuradores não existiam. Suspirei. Estava ficando difícil. "Eu vou manter você segura, eu prometo." Ele estava falando sério quando disse aquilo, a imagem do seu rosto e a profundidade do seu olhar estavam gravadas na minha mente com tanta nitidez que eu acreditava ser possível imprimir se houvesse como conectar meu cérebro a uma impressora. Mas era difícil dizer o que eu sentia quando ele estava perto, era uma coisa muito paradoxal, medo e alívio, paz e tormento, raiva e alegria...

— Precisa de alguma coisa, Ana? — Meu pai apareceu na soleira da porta.

— Não, pai, eu tô bem. — Menti. — Só quero dormir um pouco.

— Deixarei tudo pronto antes de sair para o trabalho, está bem?

— Certo, prometo que quando acordar como um pouco.

— Está sentindo dor em algum lugar? — Sua voz deixava transparecer a preocupação.

— Não, estou bem. — Isso também era mentira.

— Até mais tarde.

— Até, pai.

Virei-me de lado e antes mesmo que pensasse em dormir fui interrompida pelo som do telefone celular, olhando de lado vi minha bolsa sobre a cadeira de plástico do quarto e percebi que havia esquecido dela. Levantei-me à contragosto e peguei-o vendo o nome de Juliana na tela de cristal líquido.

— Oi, Juliana.

— Como você está, amiga? — Perguntou ela, incrivelmente séria.

— Bem, só com um pouco de dor de cabeça.

— O que o médico disse?

— Não acharam nada nos exames... ele acha que pode ser o estresse, a pressão... sabe não é? Uma recaída. Só recomendou repouso, o que nós duas sabemos que não é muito provável.

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