34. Despedida

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::FERNANDO::

A luz intensa cercou-a antes que eu pudesse impedir, ouvi o grito de Ana ecoar pela praça, mas não importava quanto tentasse alcança-la, eu era repelido por aquela força. Quando a intensidade foi diminuindo, uma fraca película esbranquiçada como uma névoa pairava em volta dela como uma espécie de gaiola e fios de uma luz dourada formavam barras. Tentei tocar a estranha prisão, mas fui repelido por ela.

— Não perca seu tempo. — Uma voz que eu bem conhecia soou atrás de mim. — Há quanto tempo, Hadraniel.

Rassim.

— Infelizmente não posso dizer que é um prazer vê-lo. — Disparei, voltando-me para ele.

— Impressionante o que você fez com a nossa garota. — Comentou ele, sorrindo na direção da prisão de Ana. — Acho que gosto mais dela assim, feroz, letal, quase sem alma!

— Você a subestima.

— Não a subestimo. — Sorriu. — Por isso essa precaução. Sei o que ela fez com Adamis, não vamos arriscar nada por aqui, não é? Até porque, irmãozinho, isso é entre nós.

— Pelo menos na sua cabeça é como funciona.

— Encare esse como seu julgamento. — Sorriu e vi Ana protestar inutilmente de dentro da jaula de luz. — E a sentença é a morte.

::ANA::

Eram como tentáculos segurando-me com uma força que eu era incapaz de subestimar. A luz parecia drenar não somente minha força como minha vontade, por mais que eu protestasse ou tentasse me libertar, era inútil, parecia um gasto necessário de energia e era como se minhas forças e tudo de bom que havia em mim morresse lentamente. Do lado de fora, um Fernando furioso e preocupado encarava Rassim, ao contrário do que pensei — e do que me lembrava — o anjo caído não era nada demais. Devia ter em torno de 1,90 metro, os cabelos cortados curtos soltavam alguns fios sobre a testa ampla, o queixo rijo tinha uma linha divisória bem marcada, os lábios eram bem delineados e carnudos, ele era bonito de uma forma diferente, porém o que realmente me chamava a atenção eram seus olhos. Eles tinham um tom vermelho sangue vívido como se fossem pintados em um quadro infernal, havia algo letal e cruel neles que fazia com que você se encolhesse instintivamente quando ele olhava na sua direção, ainda assim, eu não o temia. Algo dentro de mim manifestava um indecifrável conhecimento a respeito dele e, mesmo que eu não soubesse como, tinha certeza que a verdadeira cor de seus olhos era castanha, um castanho amendoado e doce que se escondia por baixo dos sete palmos de ódio do rubro daqueles olhos.

Fernando estava parado ao lado da jaula na qual eu estava presa, seu olhar era predatório, mas a expressão do rosto continuava impassível. Ele deu alguns passos na direção de Rassim ficando de costas para mim, percebi que aquela poderia ser a última vez que nos veríamos e eu não havia dito a ele tudo que queria. Tarde demais. Ele puxou a espada da bainha presa nas costas e Rassim sorriu.

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