Capítulo 48 - De Volta ao Passado

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"Eu acredito nele

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"Eu acredito nele. Eu vou conseguir reconquistar a Anna e eu vou aceitar toda a ajuda que eu puder ter, mesmo que seja do meu pai." - Harry

HARRY

Cheguei na casa do meu pai e já era quase dez da noite. Beth abriu a porta para mim com um sorriso, mas, ao ver o meu estado, ficou imediatamente séria e me levou para dentro da casa e me sentando numa cadeira na sala. Eu a deixei me conduzir porque não tinha forças pra contestar.

Pouco depois, o meu pai chegou na sala e me encontrou sentado com os cotovelos nos joelhos e as mãos cobrindo o meu rosto. Parei de chorar, não sabia se não tinha mais lágrimas ou eu decidi começar a cuidar das minhas merdas pela origem ou estava com um pouco de esperança de conseguir a Anna de volta.

-O que houve, filho? -Meu pai pergunta em tom baixo.

Quando tiro as mãos do rosto e olho pra ele, vendo sua expressão preocupada, eu não consigo me controlar e o choro volta com as lágrimas que eu nem sei que tenho. Começo a descarregar toda a minha história de merda sobre ele. Conto tudo, desde o dia que a Anna me deu um encontrão na escada do Delta Phi, até o momento em que sai da casa dela hoje, totalmente derrotado. Conto como me sentia sobre achar que ela ia me largar porque eu não era bom o suficiente pra ela, as nossas brigas por causa disso e o quanto eu a amo e a quero de volta. Ao terminar, olho para o meu pai e ele chora junto comigo. Ele me olha e me surpreende me dando um abraço. Eu me surpreendo ainda mais quando o abraço de volta.

-Filho, isso tudo é culpa minha. Se eu não tivesse ido embora, você não teria tão pouca confiança em você mesmo, Harry. -Ele diz no meu ombro. -Chegou a hora de eu, pelo menos, tentar te explicar tudo o que aconteceu para que eu abandonasse você e a sua mãe. Quem sabe assim você possa me entender um pouco mais, embora eu não tenha justificativa para o que eu fiz.

Logo ele me solta e eu vou ouvir tudo. Eu quero entender o meu pai. Eu vou agarrar qualquer chance que eu tenho de conseguir ser melhor, só assim vou ter a Anna de volta. Meu pai se ajeita na poltrona, ao meu lado, e começa a sua história.

-Eu conheci a sua mãe na nona série, em Manchester. Ela era a garota mais bonita do colégio e eu era só o garoto esquisito que vivia com a cara atrás dos livros. -Eddie dá um pequeno sorriso. -Mas ela olhou e sorriu para mim fazendo com que eu me apaixonasse. Bem, pelo menos, eu me apaixonei como um garoto de 15 anos pode se apaixonar. Um dia, eu tomei coragem e chamei ela pra tomar um sorvete e, para a minha surpresa, ela aceitou. Daí em diante, não nos desgrudamos mais e acabamos namorando. Nós estávamos apaixonados e, nessa idade, você acha que o mundo é todo seu e que você pode tudo. -Ele diz pensativo e olhando para o chão. -Eu estudava desde os 14 anos para, um dia, fazer faculdade de direito aqui nos Estados Unidos. Os meus pais economizavam cada centavo para que eu pudesse realizar esse sonho que era tanto meu quanto deles. E aí veio a notícia: Sua mãe estava grávida de você. Nós tínhamos 16 anos na época, estávamos terminando o segundo ano do colegial, eu senti que todo o meu mundo caíra e todos os meus sonhos foram levados por água abaixo. A sua mãe e eu fazíamos planos de nos casar, claro, mas depois que eu me formasse e fosse um professor de direito de sucesso numa grande universidade. -Ele faz uma pausa e sinto que vai entrar numa parte dolorida de sua história. -Os meus pais e a mãe da Anne nos obrigaram a nos casar e eu tive que começar a fazer o curso técnico de contabilidade e a trabalhar por meio período para poder pagar, ao menos, parte das contas. O resto de nossas despesas eram pagas com o dinheiro que os meus pais economizaram a vida toda para que eu pudesse fazer a faculdade. Eu não sei se você entende, filho, mas cada centavo daquele dinheiro que eu pegava para pagar o aluguel eu sentia que o meu sonho estava mais distante e era insuportável às vezes. A sua mãe e eu morávamos em um apartamento pequeno em Manchester mesmo, nós continuávamos na escola e, quando você nasceu, a sua mãe parou o curso técnico de enfermagem para cuidar de você durante 2 anos. Nós tínhamos 17 anos quando você nasceu, Harry, e você era tão lindo que, por algum tempo, me conformei com a minha nova vida e eu esqueci os meus planos e sonhos feitos desde a infância.

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