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Jasper

Me pergunto onde está a culpa pelo o que fiz...
Sinto um incômodo por tudo, mas culpa não...
Eu tinha acabado de beijar a minha enteada, a filha de minha esposa, a garota moralmente proibida... E tecnicamente não me sentia "mal".
Minha cabeça estava gritando" Mas que inferno Jasper, o que você tem  para fazer uma coisa dessas!!?" E mesmo assim, não sentia culpa.

O som do celular me despertou, Helena estava voltando para casa, estava me avisando isso. Como ia ser encarar ela? Vê-la depois de ter beijado sua filha ? Não queria pensar nem um pouco nisso ...

"Vou sair para buscar sua mãe, esteja pronta em uma hora" - enviei a mensagem para Charlotte e instantaneamente entrei em baixo do chuveiro gelado, precisava colocar a cabeça no lugar , saber como agir, e não tinha jeito melhor para fazer isso do que esfriando a corpo...

🍂

- Precisamos falar sobre isso! - Charlotte falou tão baixo que parecia um sussurro - Não pode só ignorar a situação.

- Não temos nada que falar - não queria falar sobre isso, não queria ter que ouvir ela dizer tudo o que eu já sabia.

- Jasper, isso é errado. Meu Deus !! - ela cobriu o rosto com as mãos e se encolheu no assento do carro - Isso é muito errado...

- Para com o drama - parei o carro no acostamento e olhei para ela - Você acha mesmo que não sei o quanto isso é errado? Acha que planejei beijar você? Acha que não estou com a cabeça a mil com tudo isso ? Então para de se fazer de vítima , até porque eu não te agarrei a força, o sentimento foi recíproco, o desejo foi compartilhado , então não vem querer bancar a porra da vitima pra cima de mim .

Seus olhos se arregalaram com tudo  que eu  disse , as bochechas dela começaram a ficar vermelhas, a respiração pesada,  e se bem conhecia Charlotte, aquilo era o anúncio de tempestade.

- Então você pretende mesmo tirar o corpo fora e me jogar no fogo, você beija a filha da sua ESPOSA , e agora eu sou a culpada? Vai alegar o quê, que minha roupa estava sensual de mais e que seus instintos masculinos não aguentam porra? E isso? - era um milagre ela não estar gritando, porém a raiva era evidente.

- Não é isso que eu quis dizer...

- Há, eu entendi exatamente o que você quis dizer Jasper, então de agora em diante vamos fazer o seguinte acordo  - ela se virou um pouco no banco do passageiro e me encarou - Para que seu "desejo" não seja  atiçado, você vai ficar bem longe de mim, assim evitamos qualquer tipo de situação constrangedora...

- Olha, vou falar uma coisinha para você, se isso tudo aconteceu, não foi só porque "meu desejo foi atiçado", se nos beijamos foi porque você também sentiu Charlotte, você também quis, você também sentiu todo tesão que correu em minhas veias - cheguei mais perto dela e segurei seu rosto - Eu vou ficar longe de você, pode ficar tranquila, mas o que aconteceu ontem e hoje, vai acontecer de novo, e vai ser porque você me procurou, vai ser porque você me quis, e até lá vou só ficar esperando...

A soltei e segui direto para o aeroporto, o resto do caminho foi super silêncio, ambos não emitiam um som sequer...

- Sua mãe - apontei para Helena que já estava descendo as escadas rolantes perto do portão de desembarque.

- Charlie, saudades de você neném -as duas se abraçaram com carinho - Desculpa não ter me despedido de você.

- Sem problemas mãe.

- Amor - ela veio em minha direção e me beijou - Que saudades.

- Também estava com saudades de você.

- Bom, eu fico feliz em saber que vocês não se mataram em minha ausência, por isso, merecem os presentes que eu trouxe da Índia para os amores da minha vida.

- Índia? - perguntei surpreso.

- É , achamos que um de nossos fornecedores estava tentando enganar a empresa com produtos fraudados, mas foi alarme falso. O bom é que conheci um casal incrível que me fez minha estadia na Índia incrível, se vocês conhecem a Kala e o Rhajam iriam se apaixonar por eles.

- Imagino que sim - Charlotte murmurou.

- Então, vamos embora.

Levei as malas para o carro e seguimos para casa.

- Mãe eu vou sair hoje. - Charlotte estava no banco de trás, toda vez que nossos olhares se cruzavam pelo espelho retrovisor ela desviava, mas não demora muito ela me olhava novamente.

- Vai onde?

- Gustave vai me levar ao cinema.

- Quem é Gustave? - perguntei sem nem mesmo me tocar do tom grosso em minha voz.

- Isso não é da sua conta - ela respondeu ríspida.

- Charlotte para com isso, meus Deus, vocês tem que parar com isso, meu Deus ...

O silêncio reinou novamente dentro do carro, quando chegamos em casa Charlotte foi direto para seu quarto batendo a porta com força, Helena alegou que estava cansada da viagem e foi dormir e eu fui para meu escritório, precisava beber, por a cabeça em ordem e pensar em tudo que aconteceu nas últimas horas.

Meus pensamentos eram todos voltados para aquela criança mimada, isso me irritava porque eu tinha que ao menos controlar tudo que envolvia Charlotte. E isso estava se mostrando mais difícil do que eu imaginava...

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