Capítulo 45 - Nada de atrasos...

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Diana

Entrar na loja depois do que aconteceu é a coisa mais estranha que já vivi. Demitir Dora, entretanto compensou. O olhar desafiante e vitorioso dela beirava o ridículo. Zac não quis nada com ela e ainda perdeu o emprego! Enfim, esse era o preço por ser piranha e tentar destruir um relacionamento onde não havia lugar para ela. pobre coitada!

De qualquer forma, ficar quase uma semana sem nem ouvir a voz dele estava sendo mais difícil do que eu imaginava. Ah! Quem eu espero enganar com essa conversa boba? Ficar longe dele era muito acima da minha capacidade. Eu acreditei em tudo que ele me contou na mesma hora. Logo no começo da conversa, eu sabia que o dedo da Dora estava nisso, já que o recado que eu passei era o oposto do que ela havia retransmitido, mas conforme ele descrevia como as coisas haviam acontecido, a ira simplesmente me consumiu e eu saí de mim, simplesmente perdi o controle e deixei ele se sentir tão culpado quanto ela, mas as cenas na minha cabeça me fizeram sucumbir. Eu sou o tipo da pessoa que imagina e só de ouvir o quanto ela se insinuou.. ahhhhhhgggg nem consigo descrever o que eu senti. Não quero recordar. Dói demais. 

Eu não queria comer, não por drama, simplesmente não sentia fome. Sei que os 6 dias que estive longe dele, sem ter notícias, uma mensagem sequer, uma ligação - não que eu fosse atender -  me transformaram em um zumbi, praticamente. Não tinha forças para nada e só Deus sabe o quanto estar na minha sala me levava quase à loucura. Por vezes encarei a ponta da mesa onde Zac estava sentado naquele dia e reprisava toda aquela podridão num ciclo quase vicioso.

 Ah que bom que ele veio atrás de mim. O seu desespero quando entrou na loja, quase sem fôlego, me assustou. Ele manteve as mãos nos joelhos, buscando por ar, mas em momento algum seus olhos desviaram dos meus e quando ele finalmente veio na minha direção, eu podia ouvir meus batimentos cardíacos. Parecia aborrecido e determinado e eu não esperava seu beijo e muito menos que gesto tão atormentado. Tinha meu orgulho e não achei que fosse ceder tão fácil, porém tão logo eu virei e o enxerguei parado lá, toda a mágoa se dissipou e a única coisa que eu queria era correr ao seu encontro, mas não arrisquei dar um passo já que minhas pernas tremiam mais do que eu recordo  ter tremido antes. Aguardei sua caminhada dolorosamente, porque aquilo parece ter sido mais longo dos que os infernais 6 dias que eu estava vivendo. Suas mãos tocaram meu rosto e eu vi o sofrimento em seu olhar. Era familiar para mim, bem familiar aliás. 

Seus lábios comeram os meus, famintos, buscando contato e nem me importei com a pressão que ele impusera. Era compreensível. Eu estava mais necessitada do que as pobres crianças da Etiópia naquele momento. Só queria estar em seus braços e pedir perdão por ter nos obrigado a passar tanto tempo afastados quando tudo que eu mais queria e precisava era de seus braços fortes em mim, me mantendo perto o suficiente para afastar a tristeza e o vazio que se tornaram meus fiéis companheiros.

Ele disse que me amava enquanto me beijava e as palavras me trouxeram para a realidade. Ele estava ali! O Zac estava alí! O meu Zac... eu estava mais uma vez ao seu lado e não queria mais sair de perto da sua presença, nem sob tortura eu faria isso. Nem sei ao certo como fui parar no meu carro com ele dirigindo, mas lá estava eu. Não me recordo do diálogo, só que pouco tempo depois estávamos indo para a casa dele... nossa casa. 

Não conversamos durante o trajeto. Eu sei que chorei algumas vezes, mas pelo menos o rombo no meu coração não estava mais lá e as lágrimas eram de felicidade, para variar. Ele pegou minha mão e beijou várias enquanto me olhava profundamente. Seu sorriso perfeito me agraciou algumas vezes e era tão perfeito, tão maravilhoso, que não podia crer no tanto de saudade que eu tinha no peito. 

Zac abriu a porta do carro quando estacionou e eu sorri ao ver a casa que tanto amava. Aceitei sua mão e escorreguei para fora.

Ele andava devagar compartilhando a atenção entre mim e o caminho para não tropeçar. Abriu a porta e fez um gesto cavalheiro para que eu entrasse primeiro, mas assim que eu dei dois passos, ele me puxou pela mão, me encostando na porta. Nos analisamos por algum tempo e então percebi o quanto ele estava abatido. A culpa era minha! Jamais devia te-lo afastado, nunca devia ter nos forçado a nos mantermos longe um do outro. Isso não é Diana e Zac, entretanto, a forma como nos olhamos era intensa, profunda e isso sim era o nosso espírito como casal. 

Quando me descobriOnde histórias criam vida. Descubra agora