10-TÔ FERRADA

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Brasília, 06 de Janeiro de 2016
às 00:20

By Anne Rocha

Estava dormindo confortavelmente em minha cama, quando acordei assustada com um barulho no quintal, deve ser o meu pai que deve ter acabado de chegar ou os malditos gatos do vizinho brigando.

Verifiquei as horas, mas que delícia acordar e ver aquela imagem na tela do meu celular, o observo por alguns instantes e o barulho novamente me assusta.

- Mas que droga!

Pego um dos travesseiros e ponho entre as pernas. Me aninho mais na cama, cubro a cabeça com as cobertas, agora sim vou dormir e sonhar com o gato do Marcelo Augusto.

Estou quase pegando no sono, quando ouço o barulho de passos furtivos no corredor, mil vezes droga. Costumo dormir apenas com uma camiseta bem folgada, sem calcinha e sem sutiã. Levanto na ponta dos pés, me enfio dentro de uma calça de moletom e ponho uma blusa de frio, também de moletom, com uma mão seguro o celular e com a outra um jarro de vidro (desses de pôr flores), vou até a porta e encosto o ouvido, os passos vêm se aproximando cada vez mais, ouço sussurros do outro lado. Droga!

Me afasto da porta e vou para o banheiro, disco o número do celular do meu pai, chama mas ele não atende. Tô ferrada, penso comigo.

Vou mandar uma mensagem. Quando começo a escrever, ouço alguém mexer na fechadura. Pensa rápido Anne! Não sei o que escrever.

Anne - Pai estão tentando entrar

Um estouro, e a porta se abre. Aperto enviar e jogo o celular no cesto de roupa suja. Agora seguro o vaso com as duas mãos e me posiciono atrás da porta do banheiro.

Alguém pergunta.

- Cadê ela?

A luz do quarto é acesa, e uma sombra se aproxima do banheiro, quando me vê acerto sua cabeça em cheio com o meu vaso poderoso.

- A cachorra tá aqui - o homem grita.

Tudo acontece muito rápido, num instante arrancam o vaso de mim, algo me acerta de forma dura me fazendo cair num abismo escuro e sem fim.

***

By Khalid Shall

Saio para o lado de fora da casa. Algo parece estar muito errado, faço um gesto chamando Alexandre.

- Pois não Sr Khal?

- Kléber ligou? - digo sem rodeios.

- Não Senhor.

- Já era para eles estarem aqui, estou tentando ligar no celular do Kléber e cai direto na caixa postal.

- Eles devem está perto então Senhor, tem um trecho da estrada que não pega celular de jeito algum...

- Espero que esteja certo Alexandre!

Vou para dentro da casa, tomo um copo com água. Procuro pela minha calma que se foi faz tempo e mais uma vez aquele rostinho angelical surge em meus pensamentos.

Acabo dormindo no sofá e acordo de sobressalto, olho no relógio já passam das seis da manhã me levanto irritado chamando o Alexandre.

- Cadê eles?

- Nada ainda Senhor... - o homem diz desanimado.

Ligo no celular do Kléber pela milésima vez e novamente cai na caixa postal.

- Mas que diabos está acontecendo aqui???

Mando Alexandre ir descansar. E vou andando para um canto afastado da fazenda, um dos homens vem atrás, com um gesto meu ele se detêm e retorna.

Me ajoelho sobre a grama verde, faço minhas preces para que o ser supremo me revele o que está oculto, mais alguns minutos de agradecimento pela existência e me levanto.

- Tudo vai dar certo Khal - falo pra mim mesmo.

O telefone toca como sinal de resposta às minhas preces, é um número que desconheço dou um sorriso aos céus e atendo.

- Sr. Khalid! É o Kléber...

- Estou tentando te ligar à horas homem, o que aconteceu com o seu celular? - falo extremamente irritado.

- Acho que está grampeado, a Beatriz armou pra mim. O prédio está cercado pela polícia, não dá pra sair daqui!

- VOCÊ É UM GRANDE IDIOTA, PRIMÁRIO, VOCÊ CAIU NUM GOLPE RIDÍCULO, EU NÃO POSSO ACEITAR ISSO KLÉBER, VOCÊ DISSE QUE NÃO HAVERIA ERRO, E CAIU COMO UM BICHINHO INDEFESO NUMA ARAPUCA!!! - grito com ele, que resmunga do outro lado um pedido de desculpa - VOU VER O QUE FAÇO, AGUARDE MINHAS INSTRUÇÕES E NÃO FAÇA NADA.

- Espere Senhor, já estou cuidando para sair daqui.

- Eu vou tirá-lo daí. Não faça mais nenhuma estupidez. Me passe todas as informações de como está a situação...

- O Delegado Rocha está plantado lá embaixo, com um batalhão de ratos, mas está tudo sob controle. Eles esvaziaram o prédio, e estão gritando com o megafone para entregar as vítimas, mas ninguém botou a cara pra fora pra conversar com eles. Na hora que o Delegado souber que estamos com a filha dele, ele vai deixar a gente sair na moral.

- ANNE??? O QUÊ VOCÊ FEZ COM ELA SEU RETARDADO? VOCÊ É UM HOMEM MORTO KLÉBER TREVISAN! VOU ARRANCAR SUA CABEÇA COM A FACA QUE EU USO PRA PASSAR MANTEIGA NO PÃO!

- Eu pensei, que facilitaria tudo para nós, vamos matar dois coelhos...

- CALA A BOCA SEU MULA, VOCÊ NÃO PENSA! AONDE ESTÁ ANNE? RESPONDA!!!

- Meus homens a levaram para... a casa, o esconderijo um.

- DESGRAÇADO, REZE PARA QUE OS SEUS HOMENS NÃO TENHAM MACHUCADO A MENINA!

Desligo o celular com ódio, muito ódio.

Só de imaginar a Anne nas mãos desses seres desprezíveis, o estômago dá voltas...

Alguém vai morrer por isso! Resta saber qual de nós...

TERRORISTAOnde histórias criam vida. Descubra agora