18-A CORRIDA INICIA

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By Antônio Rocha

Minha filha nas mãos de Khalid Shall, o árabe. Não poderia ser pior! Saio da minha sala consternado, Kléber Trevisan me acompanha com um sorriso de vencedor nos lábios. Umas três ou quatro pessoas me param pra perguntar se está tudo bem, eu confirmo com a cabeça e sigo para fora da delegacia. Deve haver uma saída, que Deus me ajude a salvar minha filha das mãos desse assassino.

Destravo o meu carro e entro, Kléber e um outro cara que até então eu não tinha notado entram no carro junto comigo.

Dirijo até a minha casa, pensando. Khalid Shall, poucas vezes me deparei com esse nome em minha carreira policial, se sabe muito pouco sobre ele, é um homem muito temido, reza à lenda que ele costuma brincar com as suas vítimas antes de matá-las, e pelo jeito o brinquedo da vez sou eu, só gostaria de saber o porquê?

Ao descer do carro os dois homens me acompanham, e quando entro em casa, me deparo com Selma aos prantos.

-Sr. Rocha, Anne sumiu! Acordei de madrugada com um barulho estranho, e vim verificar se estava tudo bem, mas ela já não estava aqui!

Kléber e o outro cara me encaram.

-Está tudo bem Selma, logo ela estará de volta, aproveite e tire o dia de folga hoje! -digo.

-Mas, Sr Rocha...

A encaro de forma dura, e ela se retira para os fundos da casa. Vou para o meu quarto, preciso me apressar, tomo um banho correndo, me perguntando aonde será que estão os dois cães de guarda. Ponho a primeira roupa que vejo na frente, olho para o criado mudo e vejo o quadrinho com a foto de Estela com Anne nos braços. As observo por um tempo, beijo a foto, pedindo para que Estela cuide da nossa filha, já que eu falhei mais uma vez.

Passo pelo quarto de Anne, vejo a porta arrombada, alguns cacos de vidro no chão, a cama está desarrumada. Entro com cuidado, e vasculho o quarto todo, como se fosse possível achar uma pista sobre o paradeiro dela, mas não encontro nada!

Entro no banheiro, me olho no espelho, e as lágrimas tornam a banhar o meu rosto, lavo o rosto com fúria e quando vou pegar a toalha para me secar, vejo o celular de Anne no cesto de roupa suja.

Uma idéia me vêm à mente, talvez dê certo!

Pego o celular e meu coração dá um pulo dentro do peito, quando vejo a foto de Khalid Shall no fundo da tela.

-Desgraçado! - falo, contendo a vontade que tenho de socar a parede, ou qualquer coisa que estiver na minha frente.

Lembranças ruins invadem à minha mente, como se tudo estivesse se repetindo, primeiro Estela, agora Anne, por quê isso meu Deus?

Pensa rápido Antônio! Escrevo uma mensagem para Saulo, resumindo em poucas palavras sobre a situação e mando ele rastrear o aparelho, aviso que estou indo para São Paulo, pra ele avisar a polícia de lá que vou me encontrar com Khalid Shall.

Mais um nome forte para a minha lista de criminosos presos pelas minhas mãos.

Vou até a sala, mas os homens não estão mais lá, ouço um barulho vindo da cozinha.

-Vamos fazer um lanchinho Delegado a viagem é longa - Kléber Trevisan fala com aquele sorriso maldito no rosto.

Me sento à mesa e como, se vou para a guerra preciso está alimentando pelo menos, já me basta o cansaço por estar sem dormir.

-Tic tac tic tac, acho que alguém não vai chegar à tempo de salvar a filhinha! É uma pena, porque ela é uma princesinha, eu adoraria me candidatar para ser seu genro Delegado! - Kléber fala e ri.

-DESGRAÇADO! Acho que ainda não te bati o suficiente Trevisan! - e antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa lhe acerto um soco na cara.

Kléber puxa a arma da cinta, aponta para mim e grita:

-EU VOU TE MATAR SEU DELEGADOZINHO DE MERDA!!!

O outro cara que até então estava calado, se levanta e diz:

-Acabou a brincadeira crianças, vamos embora, realmente será uma longa viagem...

Kléber abaixa a arma, eu pego algumas latinhas de energético e finalmente pegamos à estrada, olho no relógio, são 20:50. Tremo por dentro, não vai dar tempo.

TERRORISTAOnde histórias criam vida. Descubra agora