TERRORISTA

2-DOR ANTIGA

By Antônio Rocha

Anne nunca entenderá o motivo de toda essa minha preocupação com ela, eu não suportaria que nada acontecesse com a minha filha. Embora eu seja um delegado muito respeitado e já tenha até mesmo salvado muitas pessoas, uma das pessoas mais importantes na minha vida eu não consegui salvar. Minha doce esposa foi brutalmente assassinada por um grupo de loucos maníacos, estupradores sórdidos, sem coração.

Ela era jovem bonita e cheia de vida com um futuro promissor a sua espera, era estudante de jornalismo, muito popular e simpática com todos a sua volta, o que facilitou a aproximação de um monstro que arruinou com as nossas vidas.

Roberto se aproximou de Estela se aproveitando da sua fragilidade, ela havia acabado de voltar para a faculdade, porque ficou um semestre fora para ter a nossa filha e ela estava completamente desapontada comigo, como marido e como pai.

Eu não dei atenção a minha mulher durante a sua gravidez, não estava pronto para ser pai e a queria apenas como mulher, não como mãe.

Quando ela disse que estava grávida eu fiquei revoltado, comecei a dizer que ficaria trabalhando até muito tarde, mas na verdade eu saía todas as noites para me divertir com outras mulheres.

Quando a nossa filha nasceu contratamos uma babá, para ajudá-la a cuidar de Anne e para que ela pudesse voltar para a faculdade.

Ela estava feliz em ser mãe, e eu continuava chegando muito tarde em casa, desfrutando das minhas diversões noturnas.

Roberto descobriu sobre a minha infidelidade e contou para ela, mostrou-lhe fotos da babá de Anne comigo.

Estela ficou arrasada, largou as fotos que Roberto lhe havia enviado sobre a nossa cama e aceitou o convite dele para irem para um bar, para que ela se distraísse um pouco.

Foi fácil demais atraí-la para uma armadilha.

Roberto a dopou e junto com mais quatro amigos a levou para uma construção abandonada. Ela foi abusada e torturada por minha causa, tudo foi registrado por uma câmera de celular, eles fizeram tudo isso com ela para me atingir, porque em um confronto com traficantes eu havia matado o irmão do Roberto.

Fico me perguntando quem foi o pior monstro nessa história toda? O Roberto que se aproximou de Estela se passando por amigo para matá-la? Ou eu, seu marido, a pessoa que deveria tê-la protegido?

Se eu fosse mais presente certamente saberia da aproximação do Roberto e acabaria com ele antes de ele pensar em encostar um dedo na minha mulher.

Eu negligenciei completamente a segurança de Estela e não cometerei o mesmo erro com Anne.

Anne não sabe a verdade sobre a morte da mãe porque eu fui um covarde, como vou dizer para minha filha que a mãe morreu por minha causa?

Quando me informaram que o Hélio Júnior estava dentro da minha casa com Anne, uma dor antiga voltou a me atingir o peito, peguei o meu carro e dirigi o mais rápido que pude para lá, liguei inúmeras vezes no telefone de Selma, porém caía direto na caixa postal, fui o caminho todo me perguntando de quem eu deveria arrancar o couro primeiro.

Ao chegar em casa e vê aquele maldito em cima da minha filha eu queria matá-lo imediatamente, mas me controlei, jamais faria isso na frente de Anne.

Mandei que ela fosse para o quarto e bati no rapaz o suficiente, para ele não me esquecer nunca mais enquanto viver.

Ainda pouco satisfeito fui atrás de Selma que descansava em seu quarto devido uma forte enxaqueca, a puxei da cama de forma brusca para que ficasse de pé, a coitada quase se mijou de susto.

- Se algo acontecer com Anne eu vou por na sua conta! - gritei ameaçando-a.

- Mas o que foi que aconteceu Sr. Rocha? - a mulher perguntou desesperada.

- Você saberia se estivesse acordada, atenta a tudo o que acontece com Anne!

- O que aconteceu com Anne? Deixa eu ir cuidar da minha menina...

- Da Anne agora cuido eu, você fica no seu quarto até segunda ordem!

Selma se encolhe, tenta questionar, mas desiste.

Sigo para o meu quarto na vã tentativa de relaxar um pouco. Onde Anne estava com a cabeça ao colocar para dentro da nossa casa aquele mau caráter do Hélio Júnior? Espero que a surra que ele levou seja suficiente, ainda assim deixarei alguém na cola dele para garantir.

Isabela me ligou convidando para jantarmos, ela é uma boa moça muito bonita e educada porém as mulheres com a qual me relaciono ultimamente são apenas aventuras passageiras, não posso acrescentar mais ninguém na minha vida.

Cuidar da segurança de Anne é minha única e exclusiva prioridade.

Prometi a Isabela que mais tarde passo na casa dela, mas antes tenho algo a fazer, mais alguém merece um bom corretivo para aprender a não se expôr dessa forma.

Bater em Anne é a tarefa mais difícil, mas ela precisa aprender a temer as consequências dos seus atos.

Sinceramente, espero está agindo corretamente com a minha filha, eu falhei uma vez, espero não falhar de novo!