64-ILHA DE ELBA

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Itália, 27 de Janeiro de 2016.

By Anne Rocha

Com a polícia e a Alcatéia atrás do meu pai, Khalid achou que o melhor seria sair do Brasil, meu pai relutou de todas as formas, mas acabou aceitando porque viu que não havia outra saída.

-Você vai gostar daqui Anne, é um lugar maravilhoso… - Khalid fala e eu consigo sentir a euforia em sua voz.

-Tenho certeza que sim!

O Filipe e eu estávamos deslumbrados com a paisagem e conforme o pequeno barco avançava em direção a ilha, mais encantada eu ficava.

O meu pai, ao contrário de mim, estava completamente desconfortável, com um semblante triste no olhar, eu sei que ele se lembra da sua única irmã que desapareceu na praia. Talvez um tempo na ilha o faça superar essa perda…

Khalid fez o pagamento dos seus homens no Brasil, e ordenou que seguissem com suas vidas esquecendo que o tinham conhecido. Alexandre, Lucas e o Zé foram embora mais que satisfeitos com o pagamento, porém o Filipe se recusou a ir embora, o rapaz implorou pra continuar trabalhando para o Khalid, disse que não tinha para onde ir, o Khalid lhe deu mais uma boa quantia em dinheiro, mas o rapaz não cedeu:

-Sr Shall, eu vou com vocês!

Por fim, Khalid teve que concordar. Confesso que fiquei triste e feliz ao mesmo tempo com a cena, a admiração do Filipe pelo chefe era notável, mas fiquei me perguntando aonde estaria a família dele… ninguém é sozinho no mundo.

Chegamos à Ilha de Elba, minha anjinha e diabinha interior já colocaram seus biquínis e pegaram um binóculo para admirar a paisagem.

A ilha é simplesmente paradisíaca, com muitas rochas ladeadas por uma areia branca e fina, com a transparência da água é possível ver pequenos peixinhos que se atrevem a nadar próximo da praia.

Meu pai continua calado, e o Khalid cochicha no meu ouvido:

-O que há com ele?

-Ele não gosta do mar - respondo.

-Que pena - Khalid murmura e me puxa pela mão, porque se depender de mim fico parada ali olhando as pequenas ondas vindo e indo por longas horas.

Andamos por uma trilha mal feita, com alguns galhos a me arranhar as pernas, com certeza alguém que não saiba o caminho se perderia facilmente, no final da trilha tem uma grande pedra, contornando à pedra pelo lado esquerdo damos de cara com uma casa imensa, a casa fica no alto, e a impressão que se têm é de que a mesma foi construída sobre as rochas, olho ao redor e tudo o que vejo são árvores, e a pedra grande por onde viemos.

-Essa parece ser a frente da casa, mas não é - Khalid fala todo contente.

Subimos pela longa escadaria até a entrada da casa, e lá de cima se tem uma visão privilegiada de toda a ilha, a frente da casa é uma verdadeira extensão da praia, até o queixo do meu pai cai com a beleza do lugar.

-Isso aqui é lindo demais! Pelo jeito o seu trabalho é muito bem remunerado… - meu pai tem sempre que alfinetar o Khalid.

-Ah sim Delegado, você pode trabalhar comigo já que está desempregado!

-Trabalhar com você? Prefiro vender colar de conchas na praia e viver em paz com a minha consciência…

Filipe e eu rimos, enquanto Khalid e o meu pai ficam trocando farpas.

Khalid abre a porta e me conduz pela mão casa adentro.

-Bem vindo ao lar senhorita Anne!

Uma senhorinha com um sorriso simpático no rosto abraça o Khalid como se quisesse esmagá-lo, e ralha com ele:

-Por onde você andou moleque? Quase morro de preocupação, nenhum telefonema, sequer uma carta…

-Gina não se usa mais essa coisa de enviar carta.

-Enviasse um… hãm… como falam os jovens… um email então, mas seis meses sem aparecer, poderia está morto! Não faça mais isso, mata-me do coração - a senhorinha lhe puxa a orelha e eu rio.

-Aiiii Gina! Deixa eu te apresentar meus convidados, esta é Anne a minha namorada! - a mulher me olha como se visse um fantasma e abre um largo sorriso:

-Que bela dona Khal, menina bonita! - Gina me dá um verdadeiro abraço de urso e o Khalid prossegue.

-Esse é o meu sogro Deleg… hãm Sr Rocha - meu pai fica vermelho como um tomate, e posso garantir que não é de vergonha.

-É o que veremos Kha-lid!

O clima fica tenso e eu resolvo interferir.

-Pai é melhor o Sr aceitar logo o Khalid, porque eu vou...vou ter um filho dele.

Khalid que ía dizer algo emudeceu e ficou olhando para a minha barriga, meu pai de vermelho tomate foi para branco casca de ovo, o Filipe apenas arregalou os olhos, e a Gina continuou com o seu sorriso largo.

-Ah, que notícia boa! Meu menino será um bom pai, é um excelente homem, de grande coração - meu pai olha duvidoso para a senhorinha.

-Estamos falando do mesmo homem minha senhora? - dona Gina agora parece fuzilar o meu pai com o olhar:

-Não ouse falar mal do meu bambino, que eu ponho veneno no seu macarrão!

Khalid sorri:

-Deixa ele Gina, não me conhece tão bem como a senhora.

ESPERO QUE GOSTEM DO NOVO CENÁRIO DA NOSSA HISTÓRIA 🌊
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