34-OSTRAS AFRODISÍACAS

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Rio de Janeiro, 08 de Janeiro de 2016.
às 17:35

By Anne Rocha

Meu pai escolheu um hotel maravilhoso para ficarmos, basta atravessar a rua e estamos na praia, eu amo o mar, fico sentada na areia olhando as ondas, é como se nada de mal pudesse acontecer ali, os últimos dias foram tão turbulentos que aqui e agora me sinto em paz.

Me lembro daquele olhar que me persegue desde que fugi dele, um olhar sombrio, cheio de dor, meu pensamento divaga, e eu penso em como eu gostaria de trazer luz aquele ser lindo, e tão incrivelmente perigoso.

Algumas peças não se encaixavam, toda a sua civilidade comigo não combinava em nada com aquele TERRORISTA do vídeo, ou talvez o meu frágil coração deseja imensamente se enganar.

Eu tenho uma facilidade imensa em jogar para um cantinho escondido da minha mente todos os meus dissabores, e foi parar lá toda aquela história triste da minha mãe, eu queria tanto que a versão do meu pai fosse verdadeira, mesmo tendo visto a reportagem, dói demais saber que minha mãezinha foi embora desse mundo de uma maneira tão cruel e covarde.

Preciso de coragem para conversar com o meu pai sobre isso, na verdade preciso de coragem para aceitar essa verdade dolorosa.

Começa a escurecer e eu resolvo voltar para o hotel, entro no meu quarto (pegamos dois quartos para termos mais privacidade) começo a desfazer a mala, lá no fundo está o meu vibrador cor de rosa, e a lingerie que Khalid me deu, não consigo entender porque trouxe essas coisas pra cá.

Eu havia dito a mim mesma que jogaria tudo fora na primeira oportunidade, e no entanto a correntinha já está no meu pescoço, ela é tão linda, e deve ser pecado jogar um anjinho no lixo, minha diabinha interior opina.

Olha só quem fala em pecado, minha anjinha interior rebate, deixo elas discutindo e retiro o vibrador da mala, o coloco em cima da cama, fico olhando de longe, lembrando o bilhete de Khalid “serve também como artigo de decoração!”

-Pare de ser boba Anne! - falo pra mim mesma.

Guardo as minhas coisas no guarda roupa, e vou tomar um banho de água fria, mesmo assim o meu corpo continua pegando fogo, sensação com a qual já tenho me acostumado e se intensifica em mil graus quando Khalid está por perto, mesmo que seja apenas em meus pensamentos.

Me recordo dele me chupando, ele chupa com tamanha maestria que eu estava a ponto de explodir em sua boca, é um tremendo disparate um homem como ele ser tão gostoso assim.

Sento na cama, ligo a TV pra me distrair um pouco, estou usando um vestido levinho, pois está calor demais, não coloquei calcinha só pra contrariá-lo.

-Porra! Mas ele nem está aqui pra dizer “qual o problema da senhorita com peças íntimas?” - falo imitando a voz dele.

Dou risada sozinha no quarto que nem uma louca.

Ouço o meu pai bater na porta, escondo o vibrador dentro do guarda roupa, ele veio me chamar pra jantarmos.

Vamos a um restaurante super legal, meu pai faz o pedido dele e aguarda enquanto eu olho o cardápio.

-Quero ostras! - falo e o meu pai me olha estranho.

-Tem certeza Anne? Você nunca comeu ostras, elas são um tanto…

(Afrodisíacas! Me lembro de ter lido algo sobre isso no livro 50 tons de cinza)

-Diferente - meu pai prossegue.

-E eu também quero uma champanhe! - digo ao meu pai.

-Mas Anne…

-Pai só hoje, estou completando dezoito anos - faço aquele biquinho e ele não resiste.

-Tudo bem. Só hoje! - ele cede.

Tudo está indo muito bem, com certeza minha noite será bem quente, ostras afrodisíacas, champanhe, só me falta um homem, mas por hoje vou me contentar com o meu brinquedinho cor de rosa.

TERRORISTAOnde histórias criam vida. Descubra agora