40-A LIGAÇÃO

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Rio de Janeiro, 09 de Janeiro de 2016
às 03:10

By Anne Rocha

Sem palavras para definir esse momento, foi mágico, a atenção e o carinho com o qual ele me possuiu me fez acreditar, que tinha que ser ele.

Aninhada junto ao seu peito, desfruto do seu cheiro bom, e por mim ficaria ali para sempre, mas aquele celular maldito tinha que tocar justo agora.

Ele sai da banheira para atender e eu o sigo ainda me secando, seu olhar se endurece quando ele vê o número, e é notável a transformação no seu semblante.

Apenas o observo, ele murmura um “fique aqui” e sai do quarto, visto apenas o vestido, deixando a lingerie de lado, e sigo o som da sua voz, ele grita algo ao telefone, em inglês, benditas aulas chatas de inglês que fui obrigada a ir.

Não me aproximo muito para que ele não me veja, mas é o suficiente para escutá-lo, ele fala algo sobre o trabalho está quase concluído, que não precisa mandar outra pessoa, ele xinga um palavrão e começa a dizer alguns nomes, porra, esses eu conheço foram todos mortos no fim do ano passado, eu vi na TV, minha cabeça roda quando eu o ouço dizer, me dê apenas mais um mês, que eu dou baixa no Deputado e no Delegado.

Ele desliga o celular, e se vira para onde eu estou, mas eu não consigo me mover do lugar, ele se aproxima me analisando e estica o braço para tocar o meu rosto, dou-lhe um tapa na cara e corro para o quarto, tiro o vestido, e ponho a calcinha e o sutiã o mais rápido que consigo, ele apenas me observa com uma expressão ilegível no rosto, visto novamente o vestido, apenas passo os dedos pelo cabelo e saio do quarto, empurrando-o.

Ele segura o meu braço:

-Deixe eu lhe explicar…

-Me solta seu monstro maldito! - grito com ele.

Corro para fora da casa, e já na saída, um homem com uma arma me segura.

-Para onde pensas que vai? - o homem fala com uma voz pastosa.

Eu não ligo para a arma em sua mão, e luto para me soltar.

-Anne espera… - Khalid me chama.

-Vai me amarrar de novo Sr. Shall? - falo o desafiando.

-Você não pode sair assim, estamos longe do hotel que você está hospedada, deixe eu te levar embora pelo menos…

-Nunca, ME SOLTA SEU DESGRAÇADO! - grito com o homem que me segura e lhe dou uma joelhada nas bolas, exatamente como o meu pai me ensinou.

-DESGRAÇADA! - o homem grita e se contorce de dor.

Corro até o portão, mas está trancado, começo a ficar desesperada.

-Me deixe ir embora Khalid!

-Anne… - ele olha para mim, com aquele maldito olhar, mas este já não surte nenhum efeito em mim - Filipe vai te levar!

Num instante, o Filipe aparece não sei de onde, Khalid cochicha algo para ele e lhe entrega a chave do carro.

-Venha - Filipe me chama.

Entro no carro com cara de poucos amigos, a única coisa que eu quero é sair dali, o mais rápido possível.

Como pude ser tão estúpida! O plano ainda está de pé, ele vai matar o meu pai, assim como matou tantas outras pessoas, sem deixar rastro.

Ele é o responsável por todas aquelas mortes, e eu pensando em amor, com um monstro desse que só deixa desgraça por onde passa.

Choro copiosamente no banco traseiro do carro, ouço Filipe perguntar alguma coisa, mas não o compreendo.

-Cala a boca e me deixe em paz! - grito com Filipe, que fica mudo instantaneamente.

Ele me deixa próximo ao hotel e vai embora, eu ando pela orla da praia, mergulhada na minha dor, que não cabe no peito. Me sento na praia, agarrada aos meus joelhos e choro até me esvaziar por inteira.

O dia já está amanhecendo quando volto para o hotel.

TERRORISTAOnde histórias criam vida. Descubra agora