14-BANDIDO X VÍTIMA

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By Antônio Rocha

Brasília, 06 de Janeiro de 2016
Às 12:45

-Prepare a equipe, porque nós vamos entrar no apartamento! - dou à ordem para Saulo, o meu braço direito.

Quando Beatriz procurou a delegacia, dizendo que bandidos tentaram comprá-la para que entregasse o Deputado Juarez, achamos que se tratava de uma brincadeira de mal gosto, um trote, mas aqui estamos.

Já pegamos o motorista da van, e nem precisamos apertar o homem para que ele entregasse os dois comparsas, Kléber e Francisco, pode apostar que eles vão pagar caro por eu ficar sem dormir até agora.

-Kléber! Acho melhor a gente se entregar não para de chegar viatura! - Francisco olha pela janela, assustado.

-Chega de esperar às ordens do Khalid, vamos avisar o Delegado que estamos com a filha dele. Mete a cara pra fora Francisco e pede pra falar com o Delegado Rocha! - Kléber fala impaciente.

Francisco pega uma camiseta, enrola e a coloca tapando parte do rosto, abre a janela, e grita:

-QUERO FALAR COM O DELEGADO ROCHA!

O policial que está com o megafone responde:

-KLÉBER TREVISAN E FRANCISCO SILVA SE ENTREGUEM, VOCÊS ESTÃO CERCADOS! LIBERTEM OS REFÉNS!

-Droga! - Kléber pragueja.

Francisco arrasta o deputado para a janela, coloca a arma na cabeça dele e grita:

-EU VOU MATAR O DEPUTADO! ME DEIXEM FALAR COM O DELEGADO ROCHA!

-Sr. Rocha, o cara quer falar com você - o policial com o megafone vem me avisar.

-Vai enrolando ele, pra que ele fique exposto na janela. Avisa para o atirador ficar com o homem na mira - respondo.

-Mas, Sr. Rocha se atirarmos nele, o outro cara mata o Deputado…

-Faça o que eu estou mandando! - digo, já ficando de mal humor, odeio que questionem as minhas ordens.

-Sim Sr - o policial responde e sai preocupado.

Chamo a minha equipe e aviso:

-Vamos subir! Saulo, você fica com o atirador, quando eu der a ordem faça o trabalho!

Gosto do Saulo, porque ele compreende como ninguém a minha linha de raciocínio, não adianta poupar o bandido para salvar uma vítima, sendo que se ele escapar poderá matar muitas outras pessoas, as vezes um inocente tem que ser sacrificado para que um mal elemento seja retirado das ruas.

Kléber Trevisan têm uma longa ficha criminal, é suspeito de envolvimento com facções internacionais, já carrega vários homicídios nas costas, faz parte de uma organização que põe cerca de 100 toneladas de cocaína por ano no país, sem dúvida é um homem muito perigoso, mas eu o colocarei atrás das grades.

Estamos no andar em que está localizado o apartamento de Beatriz, falo com o Saulo pelo telefone, ele confirma, o homem está na mira, dou a ordem.

-Agora!

Um estampido alto soa, e o corpo do jovem Francisco cai no chão inerte, já sem vida.

Porra! - Kléber se desespera.

O segurança, o porteiro e o deputado arregalam os olhos, em choque.

-VOCÊS VÃO MORRER SEUS DESGRAÇADOS! - Kléber se põe a chutar o Deputado.

Outro estouro se ouve e a porta do apartamento se abre, Kléber segura a arma com as duas mãos.

-SE ENTRAR AQUI MORRE! - ele pega o segurança do prédio e o arrasta até próximo à porta. -É GUERRA QUE VOCÊS QUEREM? ENTÃO TOMA - ele grita e atira no segurança, um tiro certeiro no coração.

Kléber continua sem resposta, do outro lado é silêncio total, se ouve apenas os gritos de desespero do Deputado e do porteiro.

-Alguém avisa o Delegado Antônio Rocha, que a filha dele, Anne Rocha, está com os meus homens em um lugar distante daqui. Se algo me acontecer, ela morre - Kléber fala ameaçadoramente.

-PEGUEM ESSE FILHO DA PUTA! - ordeno para os meus homens e pego o meu celular.

Algumas ligações perdidas e uma mensagem de Anne.

-INFERNO!!! - pegaram a minha filha, minha menina. Me agacho no chão, e lágrimas insistem em querer rolar pelo meu rosto.

Meus homens jogaram uma bomba de gás lacrimogêneo, e em poucos instantes agarraram Kléber Trevisan. Minha vontade é matá-lo com as minhas próprias mãos, mas antes eu preciso salvar minha filha.

TERRORISTAOnde histórias criam vida. Descubra agora