38-QUERO ESTE HOMEM PRA MIM

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Rio de Janeiro, 8 de Janeiro de 2016
às 23:55

By Anne Rocha

Desço rapidamente as escadas do hotel antes que a coragem me abandone, ou o meu pai me veja. Entrego a chave do quarto na recepção, e ouço um “bom passeio” da recepcionista.

Me sinto corar, minhas bochechas estão queimando, e eu procuro desesperadamente por ar, pois a minha respiração está mais que ofegante.

Atravesso a rua correndo, a mente está a milhão “o que ele quer comigo?”

Tiro os chinelos e ando pela areia, aos poucos sinto o corpo ir relaxando, o vejo de longe sentado na areia frente ao mar.

-Quero este homem pra mim!

Quando estou bem próximo, tenho quase certeza que ele já sabe que estou bem atrás dele, mas ele continua imóvel, sentado olhando o mar, será uma miragem?

-Khalid Shall - pronuncio o seu nome.

-Sente-se Anne! - ele continua mandão como sempre, e eu continuo vulnerável perto dele.

Me sento ao seu lado, e me ponho a olhar o mar, sem coragem para encará-lo.

-Anne, não fui eu que dei à ordem para sequestrá-la… - ele fala pensativo.

Eu que esperava por uma conversa quente, sinto-me frustrada, até a minha diabinha interior ligou a TV pra assistir uma série qualquer.

-E quem deu? - pergunto desapontada com o ritmo da conversa.

-Kléber Trevisan!

-Seu parceiro… - reflito comigo.

-Está morto! - ele diz amargo.

-Você o matou apenas para poder culpar o meu pai e ele ser preso, o que fizemos pra você para querer o nosso mal?

-Matei o Kléber por ele ter te machucado, colocou dois estúpidos para vigiá-la, eles te deixaram amarrada por horas naquele cômodo imundo… - sinto o ódio em suas palavras.

-Você fez o mesmo - falo sem pensar, mas é a verdade.

Ele toca o meu rosto para que eu o olhe, o encaro por um bom período e falo:

-Você fez pior que todos eles Sr. Shall!

Ele arregala os olhos para mim, e posso sentir a sua aflição, tento desviar o olhar, mas ele torna a segurar o meu rosto.

Me bate uma sensação desesperada de salvar aquele homem, das suas dores, salvá-lo de si mesmo.

-É eu fiz pior… - sua voz está carregada de culpa e ódio, mas agora por si mesmo.

Ele se levanta. Droga ele está indo embora penso comigo, eu não quero que ele vá, me levanto rápido e reparo no quão pequena sou diante dele.

-Khalid me mostra… - só agora reparei o efeito do álcool em minha voz.

-Te mostrar??? - ele fala confuso.

-Que o Sr. não é um monstro - falo sorrindo, lembrando que ele queria que eu o chamasse assim, e eu definitivamente faria qualquer coisa para estar naqueles braços de novo.

-Tem certeza disso Anne? - uma sombra de um sorriso passa por aquele rosto bonito.

-Deixa eu te sentir por trás dessa casca de lobo mal - toco o seu peito másculo, e ele se afasta.

-Você bebeu, não posso fazer isso...

-Eu quero! - olho no fundo dos seus olhos.

Ele se aproxima de mim, como se considerasse o meu pedido, toca a correntinha que está em meu pescoço.

-Que bom que gostou - agora fala como um garoto contente e eu fico feliz pelo fim da tensão entre nós.

-Gostei de TUDO! - friso bem a palavra tudo.

-Não me provoque Anne!

-Adoro te provocar Sr. Shall…

Ele interrompe as minhas palavras, e toca os meus lábios com os seus, é suave como a brisa do mar, como um sonho, seus braços envoltos em mim, me sinto segura e completamente entregue a ele.

Ele segura a minha mão e me puxa.

-Vamos sair daqui, antes que o Delegado Rocha resolva vir nos fazer companhia!

Eu aceno que sim para ele, que me conduz em direção a um carro estacionado próximo dali, ele pode me levar para onde desejar, porque eu estou disposta a segui-lo até o inferno e trazê-lo de volta comigo para um mundo de paz.

TERRORISTAOnde histórias criam vida. Descubra agora